O jornalista Carlos Rollsing colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Seja subindo a rampa do Palácio do Planalto no dia da posse presidencial ou atravessando a Praça dos Três Poderes para ver a destruição causada pelos atos golpistas no Supremo Tribunal Federal, os primeiros dias do governo Lula tiveram uma mulher na linha de frente: a primeira-dama Janja da Silva. A imprensa argentina já comparou a socióloga de 56 anos com Evita Perón.
O fato é que Janja tem sido atuante desde a campanha eleitoral, sempre ao lado de Lula. Após a vitória, opinou na formação da Esplanada dos Ministérios, tendo sido decisiva na nomeação do gaúcho Márcio Tavares para a função de secretário-executivo do Ministério da Cultura. Ela também obstou a indicação do deputado federal Pedro Paulo (PSD-RJ) para o Ministério do Turismo. O parlamentar, próximo do prefeito do Rio, Eduardo Paes, sofreu acusações de ter agredido a ex-esposa no passado.
Janja não tem perfil de quem será uma primeira-dama sem posição. Ela é petista e conhece Lula há décadas. Trabalhou em Itaipu Binacional e na Eletrobras. No governo, deverá atuar no combate à fome e pautas de gênero. A ex-presidente Dilma Rousseff é uma das pessoas próximas de Janja.
Na quinta-feira (12), no Palácio do Planalto, ela acompanhou a reorganização dos espaços que dão acesso ao seu gabinete, após os atos de destruição golpista, com a colocação da obra da artista amazonense Mady Benzecry. O governo está no início e, até agora, a montanha-russa foi da emoção da posse à tensão extrema com o atentado à democracia.
A presença de Janja revigora Lula. Nos bastidores, há avaliação de que sua posição, à esquerda do pragmatismo lulista, poderá trazer impasses para um governo que precisa governar com alianças ao centro.
Definido o titular da Habitação
Passados 13 dias do novo mandato, o governador Eduardo Leite escolheu o advogado Fabrício Peruchin para ser o secretário de Habitação e Regularização Fundiária. Peruchin constava em lista de indicados do União Brasil, sigla que esteve com Leite na aliança eleitoral, e contou com a preferência do chefe do Executivo.
— Vamos reforçar o programa habitacional nesse governo e dar uma atenção especial aos investimentos em moradias e à regularização fundiária – afirmou Leite, que, neste sábado (14), viaja para Davos, na Suíça, onde irá participar do Fórum Econômico Mundial.
Para completar o primeiro escalão do Palácio Piratini, Leite ainda precisa definir o titular da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão. O atual líder da pasta, Claudio Gastal, foi indicado para assumir a presidência do Badesul, banco de fomento do Estado.
Nomes à mesa
Em reunião nesta sexta-feira (13) com o governador Eduardo Leite e o chefe da Casa Civil, Artur Lemos, o PSB apontou seus nomes prioritários para compor o segundo escalão. Com um deputado estadual na próxima legislatura, o PSB não emplacou nenhum secretário e, por isso, terá certa prioridade na indicação para os departamentos e fundações. Entre os nomes do partido, estão o deputado estadual em final de mandato Dalciso Oliveira e José Stédile, que foi secretário de Obras e Habitação do primeiro governo de Leite. Na próxima terça-feira (17), o PSB se reunirá com Lemos para tentar finalizar a composição.
Férias lusitanas
O prefeito Sebastião Melo irá viajar de férias para Portugal entre os dias 19 e 31 de janeiro. Ele curtirá o período de descanso e passeio na companhia da esposa Valéria e do filho, João. Por causa da ausência, o presidente da Câmara de Vereadores, Hamilton Sossmeier (PTB), será o prefeito em exercício entre 19 e 22 de janeiro. Depois disso, o vice-prefeito Ricardo Gomes chefiará o executivo até o retorno de Melo das férias lusitanas.
Lei Rouanet
Secretário-executivo do Ministério da Cultura, Márcio Tavares diz que o governo Bolsonaro deixou 6 mil processos da Lei Rouanet parados. Eles já estavam autorizados e, em maioria, com recursos captados, mas faltava a assinatura para liberar a execução. Agora, diz Tavares, terão andamento.