O jornalista Carlos Rollsing colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
A reunião entre Edegar Pretto (PT), Pedro Ruas e Roberto Robaina, ambos do PSOL, projetando a manutenção da aliança da esquerda para a eleição à prefeitura de Porto Alegre, em 2024, deflagrou debate nas redes sociais entre militantes do espectro político sobre o significado do movimento.
O PCdoB, legenda que é pequena, mas tem representatividade na Capital, foi excluída da articulação feita em um café da Cidade Baixa, na segunda-feira (23). Nos bastidores, a leitura é de que o movimento de PT e PSOL busca sedimentar desde já que esses dois partidos estarão representados na chapa, possivelmente com Ruas de candidato a prefeito e uma mulher do PT de vice. A consequência é que Manuela d’Ávila seria escanteada desde logo, e o PCdoB, que integra federação com o PT, seria carregado a reboque para a aliança, sem muita chance a esperneio.
Nem sequer a direção do PCdoB sabe se Manuela deseja concorrer novamente a qualquer cargo, mas o capital político dela, que recebeu 45,37% dos votos válidos na disputa pela prefeitura em 2020, representa por si só um obstáculo a ser superado por outros pretendentes do campo político. O que Manuela tem demonstrado desde a eleição de 2022 é que não está disposta a entrar em bola dividida.
Por outro lado, a reunião entre Edegar, Ruas e Robaina supostamente mostrou uma face de cúpulas partidárias encaminhando a tomada de decisões quando ainda faltam quase dois anos para a eleição. Foi esse ponto que Manuela tentou explorar em texto publicado nesta terça-feira (24) em rede social, sinalizando que a esquerda tradicional e partidária não será suficiente para vencer, e que é preciso envolver na construção os movimentos da sociedade civil, os jovens negros e da causa LGBT+ que emergiram das urnas nos últimos anos com importantes votações para a Câmara de Vereadores, Assembleia Legislativa e Câmara Federal.
O deputado estadual eleito Matheus Gomes (PSOL), mais votado à Assembleia entre os eleitores de Porto Alegre em 2022, concordou com Manuela ao comentar na postagem dela: “A renovação da esquerda e suas lideranças já está ocorrendo e pode ser um impulso que faltava para a vitória que desejamos construir”.
No caso do PSOL, a avaliação de quem ficou contrariado é que a reunião representou a exclusão de lideranças jovens e um movimento da cúpula partidária, controlada pelo Movimento da Esquerda Socialista (MES), corrente que tem Robaina como principal estrategista.
ALIÁS
Os resultados e a popularidade dos dois primeiros anos do governo Lula deverão ter potencial de influência na eleição de 2024. Mesmo que Lula engrene avaliação entre o razoável e o bom, a disputa tende a ser difícil para a esquerda em Porto Alegre devido à aliança larga e ao governo estável que vem sendo feito pelo prefeito Sebastião Melo.
ALIÁS II
Presidente municipal do PSOL, o vereador Roberto Robaina afirma que não se exclui ninguém da discussão sobre a eleição de 2024. Ele diz que a intenção é fazer movimento democrático, amplo, e que os rumos sejam decididos pelas pessoas envolvidas na luta por desbolsonarizar Porto Alegre.