O vereador Airto Ferronato anunciou nesta segunda-feira (5) a desistência da candidatura ao Senado pelo PSB. Em coletiva de imprensa na Câmara Municipal de Porto Alegre, Ferronato reclamou da falta de recursos para a campanha, criticou a "falta de critério" para a distribuição do dinheiro pelo PSB nacional e falou em "desrespeito enorme por parte do partido".
— Com muita tristeza eu saio dessa campanha. Nunca houve luta (dos líderes partidários) para conseguir recursos. Eu poderia contribuir bastante, mas da forma como está não me serve — anunciou Ferronato na sala da bancada do PSB na Câmara Municipal.
Apesar de o sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) registrar que o então candidato ao Senado recebeu R$ 197 mil do fundo eleitoral, Ferronato diz que nenhum recurso entrou de fato em sua conta para a campanha. Alega ainda que o PSB depositou R$ 195 mil na conta da primeira suplente, Sanny Figueiredo. Desse valor, R$ 100 mil teriam sido retirados posteriormente pelo partido sem o conhecimento do candidato. Ferronato diz que desconhece o destino do dinheiro.
A decisão de abortar a candidatura foi tomada no domingo (4) e já comunicado ao PSB estadual. Ferronato descartou a possibilidade de reavaliar a decisão. O socialista reclama que recebeu apenas 20 mil santinhos, quantidade suficiente para apenas um dia de campanha, afirma o vereador.
— Decidimos mandar imprimir 100 mil santinhos. Aí veio a gota d'água: me foi informado que teríamos de pedir autorização para alguém do partido. Esse alguém nos disse que não tínhamos autorização para gasto nenhum — sustenta o vereador.
Procurado pela coluna, o presidente estadual do PSB, Mário Bruck, disse que não foi comunicado oficialmente da desistência de Ferronato. Ausente na coletiva com jornalistas na Câmara, Bruck se mostrou surpreso com as afirmações do vereador, afirmou que não faltou material para a campanha a senador e disse que os recursos sacados foram utilizados, em parte, para pagar despesas de campanha como propaganda de rádio e TV.
— A imagem que aparece dele (na propaganda) não é de graça. Ele sabia que (a campanha para senador) no Rio Grande do Sul não era prioridade para o PSB nacional, sabia que a campanha seria franciscana. Nunca foi dito a ele que teria recurso federal (do PSB nacional)— rebate Bruck.
O presidente do PSB no Estado diz ainda que 1 milhão de santinhos com as imagens de Ferronato e de Vicente Bogo, candidato a governador, seriam enviados nesta segunda-feira para a gráfica. Bruck considera que o vereador se precipitou e afirma que ainda tentará demovê-lo da decisão. Caso não obtenha sucesso, o presidente defende que a primeira suplente Sanny Figueiredo ocupe o lugar de Ferronato na disputa ao Senado.
34 dias
Ferronato assumiu a disputa ao Senado após a desistência de Beto Albuquerque de concorrer ao governo do Estado. O PSB não conseguiu se acertar com a federação liderada pelo PT e decidiu lançar chapa pura para disputar o Piratini. A candidatura de Ferronato foi anunciada em 3 de agosto e durou 34 dias. Bogo permanece na corrida eleitoral.
Fundo eleitoral
Na distribuição do fundo eleitoral entre os partidos, o PSB tem direito a R$ 267 milhões para gastar nas eleições de 2022 em todo o país.
Comparação com deputados
Alguns candidatos a deputado pelo PSB receberam, até o momento, mais recursos para a campanha do que Ferronato e Bogo. O candidato a governador tem à disposição R$ 295 mil para os gastos de campanha em recursos dos fundos partidário e eleitoral, segundo as informações que constam no portal do TSE. Para efeitos de comparação, apenas o deputado federal Heitor Schuch, que concorre à reeleição na Câmara, declarou ter recebido R$ 2,5 milhões do fundo eleitoral.
O deputado estadual Dalciso Oliveira, que tenta uma cadeira na Câmara, tem à disposição R$ 1,2 milhão para custear as despesas de campanha.
O deputado Elton Weber, que concorre novamente à Assembleia, declarou ter recebido R$ 135 mil. A maior parte é do fundo eleitoral.
Já o ex-secretário de Obras José Stédile, candidato a deputado estadual, recebeu R$ 100 mil do fundo eleitoral.