O jornalista Carlos Rollsing colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Uma derradeira tentativa de unir as candidaturas de esquerda deverá ser feita na quarta-feira (15), em reunião entre PT, PC do B, PV e PSB, sigla que voltará às discussões após ter se ausentado das agendas da recente passagem do ex-presidente Lula pelo Estado. O encontro foi forçado por uma atitude do PC do B. Na semana passada, o PT chamou a sigla e também o PV para uma reunião na Assembleia Legislativa com o objetivo de discutir a campanha de Edegar Pretto (PT) ao Palácio Piratini.
O presidente do PC do B, Juliano Roso, afirmou que não trataria o futuro da candidatura de Pretto enquanto não fosse retomada a tentativa de unidade da esquerda, pedido repetido por Lula em todas as agendas que teve no Rio Grande do Sul. Diante do alerta, o PT concordou com a retomada de discussões.
Nos bastidores, a avaliação de aliados é de que a passagem de Lula pelo Estado não ungiu Pretto como candidato natural da esquerda. Lula não pegou o petista pela mão e anunciou ser ele o seu candidato. Pelo contrário, bateu insistentemente na tecla da unidade. Por outro lado, a pré-candidatura de Beto Albuquerque (PSB) passa por instabilidade. Na semana passada, Beto teve a atenção chamada pela direção nacional do PSB. Houve, inclusive, ameaça de cortar o acesso do diretório gaúcho aos recursos do fundo eleitoral caso Beto insistisse na articulação para ser palanque do presidenciável Ciro Gomes (PDT) no Rio Grande do Sul. Beto admite que isso ocorreu, mas salienta que foi uma opinião pessoal do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, e não uma posição oficial da direção. O PSB, que indicou Geraldo Alckmin a vice na chapa de Lula, pressiona por alinhamento.
Diante do impasse, surgiu um movimento para lançar Manuela D’Ávila (PC do B) candidata a governadora e palanque de Lula. Ela desistiu de disputar o Senado por estar descontente com a fragmentação da esquerda.
— Essa possibilidade da Manuela tem sido levantada por lideranças nacionais do PT. Não fomos nós que sugerimos ou reivindicamos. Queremos trabalhar pela unidade. O nome, agora, é o que menos importa — diz Roso.
Aliás
Depois da reunião entre PT, PC do B, PV e PSB, representantes das siglas devem procurar o PSOL para discutir um palanque unitário e forte para Lula. O PSOL não participa desde o início porque Pedro Ruas, pré-candidato do PSOL ao Piratini, avisou que, por divergências políticas, não senta à mesa de negociação com o PSB. O PSOL está decidido a manter a candidatura, mas admite a possibilidade de discutir a ideia de resgatar Manuela D’Ávila.
Dados sensíveis
Porto Alegre vai sediar, entre 25 e 26 de agosto, o 1º Fórum de LGPD das Capitais, idealizado para que gestores municipais discutam experiências e desafios da aplicação da Lei Geral de Proteção de Dados. Está confirmada a participação de 18 capitais e da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). Coordenador da iniciativa, o secretário municipal de Transparência e Controladoria, Gustavo Ferenci, avalia que a legislação foi construída com foco no setor privado. Por isso, um dos objetivos é compilar um documento com sugestões de adaptação na legislação para peculiaridades do setor público.
Em dezenas de bancos de dados, a prefeitura de Porto Alegre dispõe de informações sensíveis dos cidadãos, como endereço, telefone, histórico de saúde, dados fiscais e fazendários. O desafio, diz Ferenci, é preparar a gestão pública para proteger essas informações, evitar hackeamentos e barrar a comercialização de dados. Outro aspecto é capacitar os servidores que manuseiam essas informações no cotidiano para que atuem alinhados na política de defesa dos dados sensíveis.
— A proteção de dados pessoais serve para racionalizar o que deve ser transparente e o que deve ser protegido — diz Ferenci.