Eram 15h10min do primeiro dia de fevereiro de 2022 quando a desembargadora Iris Helena Medeiros Nogueira pronunciou o compromisso constitucional como presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Ciente de estar escrevendo um capítulo importante da história do Judiciário, chorou emocionada e mal conseguiu completar a frase. Os convidados se levantaram para um demorado aplauso. É a primeira vez que uma mulher assume a presidência do TJ-RS em 147 anos de existência da Corte.
Minutos depois, sentada entre dois pelotenses como ela, o governador Eduardo Leite e o deputado federal Daniel Trzeciak (PSDB), começou o discurso dizendo que acabara de realizar um grande sonho e emendou com versos da poeta Cora Coralina: “Eu sou aquela mulher a quem o tempo muito ensinou. Ensinou a amar a vida e não desistir da luta, recomeçar na derrota, renunciar a palavras e pensamentos negativos. Acreditar nos valores humanos e ser otimista”.
Disse que os versos de Cora Coralina retratam a sua vida e a de outras mulheres que não desistiram e seguiram em frente. Negra, filha de mãe professora e pai advogado e contador, a jovem Iris Helena sempre achou que tinha a principal credencial para ser juíza: o espírito conciliador.
Além de prometer celeridade na digitalização de processos, a nova presidente disse que todos os atos de sua gestão serão transparentes e amplamente divulgados e definiu a imprensa como “um farol na escuridão”:
— Não somos um poder hermético, ensimesmado.
Olhando para o governador, defendeu a autonomia e a independência do Poder Judiciário com uma metáfora sobre legitimidade:
— Só quem habita a casa sabe onde estão suas goteiras. Não viemos aqui apenas para figurar. Nosso papel é fazer o que precisa ser feito.
Quatro pioneiras
Na posse da desembargadora Iris Helena Medeiros Nogueira como presidente do Tribunal de Justiça, três outras mulheres juntaram-se a ela como pioneiras em suas respectivas áreas. A delegada Nadine Anflor (E) é a primeira chefe de Polícia do Rio Grande do Sul.
A procuradora Simone Mariano da Rocha (terceira da esquerda para a direita) foi a primeira e, até aqui, única chefe do Ministério Público Estadual, escolhida na lista tríplice por outra pioneira, a governadora Yeda Crusius, que administrou o Estado de 2007 a 2010.
A promotora Martha Beltrame foi a primeira presidente da Associação do Ministério Público do Rio Grande do Sul. Seu projeto é ser procuradora-geral de Justiça.
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