Antes do Anúncio do programa Avançar nos sistemas penal e socioeducativo, o vice-governador Ranolfo Vieira Júnior estava no gabinete com o governador Eduardo Leite quando a secretária de Comunicação, Tânia Moreira, entrou para acertar os detalhes da divulgação. Ranolfo cantou a pedra em tom bem-humorado:
— Nós vamos anunciar investimentos, a cereja do bolo será a construção de uma nova cadeia pública, mas a manchete será: “Mais um governo anuncia a demolição do Presídio Central”.
Ranolfo sabe por experiência que todas as notícias sobre a demolição do Presídio Central, um dos piores do Brasil, são cercadas de ceticismo porque em diferentes governos foi anunciada sua substituição por uma cadeia que não seja um depósito de presos. Embora o projeto não seja de sua secretaria, mas da administrada por Mauro Hauschild, Ranolfo é, no governo, quem mais entende de segurança pública. E é com essa expertise que garante:
— Desta vez é diferente. Temos o projeto e o dinheiro, oriundo das privatizações. A construtora que vai executar a obra é a Verdi, que já fez o Presídio de Canoas e trabalha com módulos. Vamos trabalhar com a lógica de demolir um pavilhão, construir outro, transferir os presos e depois começar o próximo.
Investir numa cadeia pública com 1.856 vagas, para abrigar apenas presos provisórios — os condenados irão para outros presídios — é fator de segurança pública. Os especialistas não cansam de repetir que o Central é uma universidade do crime. As facções mandam nos pavilhões onde os presos se amontoam e exploram os recém-chegados. Não há ressocialização possível em um ambiente como aquele.
Sempre haverá quem diga que preso precisa ser tratado como animal selvagem, mas esse é um pensamento primitivo. A pena é a da privação da liberdade, não de humilhação nem de tortura física ou psicológica. E o sistema penal tem de trabalhar para que, quando voltarem as ruas, essas pessoas possam trabalhar e não voltar para o crime. Para isso, é essencial que nos presídios possam estudar e trabalhar. Do contrário, quem sofrerá será a sociedade, com o aumento da violência. Cidades que resolveram o problema de segurança pública combinaram prevenção e repressão ao crime com atenção à á área social e programas de reabilitação dos condenados.