Nos cartazes carregados por servidores da Carris que entraram em greve nesta sexta-feira (3) leia-se o refrão cantado na caminhada: “Carris, unida, jamais será vendida”, versão do clássico “O povo, unido, jamais será vencido”. É possível que a empresa não seja vendida, mas por falta de interessados e não como resultado da pressão dos funcionários.
O projeto do prefeito Sebastião Melo que está na Câmara autoriza a prefeitura a desestatizar a Carris. Se aprovado — e tudo indica que será, como foi o da eliminação progressiva dos cobradores — a prefeitura tentará, primeiro, privatizá-la. Se não aparecerem compradores, a alternativa será a liquidação, com o leilão das linhas que ela opera, dos ônibus e do terreno da rua Albion, no Partenon.
Nesta hipótese, os funcionários serão demitidos e a prefeitura assumirá o passivo trabalhista e cível, que chega a R$ 30 milhões. A Carris tem 1.971 empregados, sendo 1.603 em atividade, 363 em licença e cinco cedidos (dados de agosto).
Em caso de venda, o comprador herda os ônibus, os funcionários, a oficina mecânica e o terreno. Como o passivo trabalhista e cível será descontado do valor, é possível que a empresa seja oferecida ao mercado a preço simbólico, como foi a CEEE-D pelo governo estadual, arrematada por R$ 100 mil.
A prefeitura quer se desfazer da Carris a qualquer custo porque o entendimento do prefeito e dos seus secretários é de que não tem sentido ter uma empresa pública de transporte coletivo que exige, todos os meses, uma injeção de R$ 6 milhões.
— Nenhuma outra capital brasileira tem empresa pública de transporte. Em 10 anos, a prefeitura injetou meio bilhão de reais para manter a Carris operando — alega o secretário de Mobilidade, Luiz Fernando Záchia.
Estudo feito pela empresa Valor e Foco a pedido da prefeitura concluiu que a operação da Carris custa 21% mais do que a das empresas do setor privado. A secretária de Parcerias Estratégicas, Ana Pellini, diz que a Carris é mais cara em tudo:
— O gasto de combustível por quilômetro rodado é 27% maior do que a média do gasto por quilômetro rodado dos demais operadores privados. O gasto com pessoal, por quilômetro rodado, é 12% superior ao das empresas privadas. Os afastamentos temporários são cinco vezes maiores do que na iniciativa privada — compara.
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