A primeira manifestação do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), depois dos atos do Sete de Setembro foi pensada palavra por palavra para não incorrer nos riscos do improviso. O texto lido e gravado é uma espécie de luz alta para o presidente Jair Bolsonaro, que na véspera ameaçou descumprir ordens judiciais e ressuscitou o tema do voto impresso para sinalizar que, em caso de derrota, não aceitará o resultado da eleição.
Sem citar o nome de Bolsonaro, Lira fez um apelo à conciliação e disse que a Câmara quer ser a ponte entre o Executivo e o Judiciário para dar um basta à escalada de uma crise que já foi longe demais. O presidente da Câmara relatou ter esperado até o início da tarde desta quarta-feira porque não queria “ser contaminado pelo calor de um ambiente já por demais aquecido”.
— Diante dos acontecimentos de ontem, quando abrimos as comemorações dos 200 anos como nação livre e independente, não vejo como possamos ter mais espaço para radicalismos e excessos.
Logo no início, o deputado disse que a Câmara tem compromisso com o Brasil real, que vem sofrendo com a pandemia, o desemprego e a falta de oportunidades. Lembrou que os parlamentares aprovaram o auxílio emergencial e votaram leis que facilitaram o acesso à vacinação.
— A casa do povo seguiu adiante com as pautas do Brasil, especialmente as reformas. Nunca faltamos com o Brasil. A Câmara não parou diante de crises que só fazem o Brasil perder tempo, perder vidas e perder oportunidades de progredir.
Também sem mencionar o trecho do discurso em que Bolsonaro atacou o sistema eleitoral de defendeu “o voto auditável com contagem pública”, Lira foi cirúrgico:
— Não posso permitir questionamentos sobre decisões tomadas e superadas como a do voto impresso. Uma vez definida, vira-se a página
Sem se aprofundar, Lira dirigiu uma farpa ao Supremo Tribunal Federal ao afirmar que defende o direito dos parlamentares à livre manifestação e que, pelo princípio da soberania, cabe à Câmara puni-los quando achar que “cruzaram a linha”.
Lira foi mais duro do que costuma ser em suas manifestações:
— Conversarei com todos, de todos os poderes. É hora de dar um basta nessa escalada, em um infinito looping negativo. Bravatas em redes sociais, vídeos e um eterno palanque deixaram de ser um elemento virtual e passaram a impactar o dia a dia do Brasil de verdade. O Brasil vê a gasolina chegar a R$ 7, o dólar valorizado em excesso e a redução de expectativas. Uma crise que infelizmente é superdimensionada nas redes sociais.
O presidente da Câmara enalteceu os brasileiros que foram às ruas e disse que uma democracia vibrante pressupõe o respeito à opinião do outro:
— Na discórdia, todos perdem, mas o Brasil, a nossa história tem ainda mais o que perder.
Ao final, voltou ao tema da eleição:
— Vale lembrar que temos a nossa Constituição, que jamais será rasgada. O único compromisso que temos inadiável no nosso calendário está marcado para 3 de outubro de 2022, com as urnas eletrônicas. É nas cabines eleitorais, com sigilo e segurança, que o povo expressa sua soberania.
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