Na véspera de o deputado Eduardo Bolsonaro tornar público que testou positivo para a covid-19, seu pai, o presidente Jair Bolsonaro, confirmou que a primeira-dama, Michelle, se vacinou contra a doença nos Estados Unidos. Na live de quinta-feira (23), disse que a esposa pediu a opinião dele, mas não revelou qual foi a resposta. Disse apenas que ela é maior de idade, tem 39 anos. Tampouco informou qual foi a vacina que Michelle tomou - Moderna, Janssen ou Pfizer. Das aplicadas nos Estados Unidos, só a Moderna não está disponível no Brasil.
A pergunta que fica é: por que a primeira-dama não quis se vacinar no Brasil? Que a família tem bronca com a Coronavac, ninguém duvida. O presidente já difamava a “vacina chinesa” fabricada pelo Butantan antes de o ministro Marcelo Queiroga, vacinado com duas doses, testar positivo e ser obrigado a fazer quarentena em Nova York. Ainda que o Ministério da Saúde desaconselhe a população a escolher vacina, Michelle poderia indicar sua preferência. Eduardo ganhou a da Pfizer no Brasil. Recebeu a primeira dose há um mês e está com covid-19. Provavelmente, se contaminou na viagem, já que integrou a comitiva que foi à ONU.
Saúde-se a decisão de Michelle de se vacinar, ainda que a opção pelos Estados Unidos passe a ideia do velho complexo de vira-lata, de que as coisas feitas no Brasil – ou aplicadas, porque a Pfizer é importada - não prestam. Sempre resta a possibilidade de que tenha sido apenas pela constatação de que, por não ter sido vacinada, perdeu a chance de frequentar os bons restaurantes e casas de chá de Manhattan ou de assistir a um espetáculo na Broadway.
Assim como Eduardo, o filho mais velho do presidente, o senador Flávio, foi vacinado por Queiroga, em sua campanha para convencer a família Bolsonaro a dar o exemplo. Recebeu a primeira dose em 22 de julho e fez um post ironizando em seu perfil no Twitter:
“Acabo de me vacinar contra a Covid. O Ministro Marcelo Queiroga me vacinou com a AstraZeneca/Fiocruz, produzida no Rio de Janeiro, eficaz e bem mais barata que a de outros fabricantes. Obrigado ao “negacionista” Jair Bolsonaro por garantir a vacina nos braços de todos os brasileiros!”.
Eduardo se vacinou em 25 de agosto e publicou o vídeo em seu Twitter. “Não é só ministro, não. Ele sabe aplicar mesmo. Perfeito”, disse.
Nesta sexta-feira, ao anunciar que está com covid, aproveitou para atacar o passaporte sanitário, criticado pelo pai no discurso na ONU. “Em NY deu negativo, aqui no Brasil 2 dias depois positivou. O meu caso e do Queiroga são exemplos que descredibilizam o passaporte sanitário. Sinto-me melhor do que ontem e nem te conto o que tomei…”, escreveu o deputado.
Além de Queiroga. Outros dois ministros de Bolsonaro estão com coronavírus no momento: Tereza Cristina, da Agricultura, e Bruno Bianco, advogado-geral da União.
Aliás
A vacina protege e é a explicação para a queda das contaminações, mas não oferece 100% de garantia de que a pessoa está livre do vírus, por isso são necessários cuidados adicionais. O que os pesquisadores e fabricantes sempre disseram é que reduz a probabilidade de morte e de internação.