O PP já foi avisado e os eleitores do deputado Jerônimo Goergen serão informados oficialmente de que, ao final deste mandato, ele deixará a vida pública depois de 20 anos. Foram dois mandatos de deputado estadual e três de federal - o último se encerra no início de 2023. Jerônimo já tinha dito que este seria o último período na Câmara, porque já não se sente desafiado a continuar como deputado. Planejava concorrer a senador ou governador, mas concluiu que "como não conseguiu construir uma carreira para frente", não quer ficar marcando passo ou fazer da política um emprego.
O projeto de concorrer ao Senado, mesmo que tivesse de disputar a prévia com a ex-senadora Ana Amélia Lemos, ficou inviabilizado com a candidatura do senador Luis Carlos Heinze disputando o Palácio Piratini. Em princípio, a vaga será oferecida a um aliado.
— Foi uma decisão madura, tranquila, construída junto com minha família, amigos e colegas de trabalho — diz o deputado, que completou 45 anos em janeiro.
Na política, Jerônimo perdeu a conta de quantos quilômetros rodou pelo Rio Grande do Sul nestes 20 anos e, antes, como assessor do ex-ministro Pratini de Moraes e presidente da Juventude do PP. Dessa corrida maluca resultaram três acidentes de trânsito, um deles gravíssimo. O deputado não sabe como escapou com vida, mas carrega no corpo pinos e parafusos que atestam o risco que correu em sua primeira campanha para deputado estadual.
Desde que nasceu a filha Maria Clara, que completa cinco anos em outubro, Jerônimo se questiona se o sacrifício vale a pena. A pandemia, que o fez ficar um ano e meio em casa, reforçou a convicção de que era chegada a hora de repensar seu projeto de vida, para ficar mais tempo com a filha e a esposa, Aline.
_ Ficou dois ou três dias longe dela e morro de saudade. Imagine desembarcar de Brasília e correr para o Interior. Eu até faria, se fosse por um projeto maior, mas para o quarto mandato de deputado, fazendo as mesmas coisas, tendo de tratar de emendas e ser punido por votar contra o fundo eleitoral, não vale a pena.
Jerônimo só não desistiu antes porque foi vítima de uma injustiça na Operação Lava-Jato, conseguiu provar a inocência e achou que precisaria concorrer à reeleição em 2018 para ter certeza de que estava absolvido pelas urnas. Fez 89.707 votos e colocou um ponto final na história kafkiana que viveu a partir de 2015, vendo seu nome na lama pelo doleiro Alberto Yousseff que, sem provas, o acusou de receber propina da Petrobras em delação premiada. À época, emagreceu, teve depressão e gastou o que tinha e o que não tinha com advogados para provar que era inocência. Em determinado momento, precisou de socorro da família para não quebrar.
Nascido em Palmeira das Missões, foi criado em Santo Augusto. Advogado formado pela Ulbra, fez pós-graduação em Direito Empresarial e a partir de 2023 vai advogar e trabalhar para o setor privado, com foco no agronegócio.
_ Vou cumprir o mandato até o fim, mas decidi antecipar o anúncio em respeito aos meus eleitores, que precisam escolher outro candidato para apoiar. Saio sem mágoa e sem rancor. Não vou me desfiliar nem abandonar a política, mas é um ciclo que se encerra. Deputado não serei mais _ disse Jerônimo à coluna.
Na carta de despedida que rascunhou para divulgar aos eleitores o deputado afirma: “Considero que este último mandato tive o melhor desempenho como legislador e articulador político, mesmo em meio a uma pandemia que nos trouxe muitas dificuldades e incertezas quanto ao futuro. Mas dizem que é justamente nas crises que surgem as grandes oportunidades. E, sem dúvida, a pandemia fez a gente repensar as coisas que realmente importam na vida. Ficar mais próximo da minha esposa e da minha filha deu um novo significado à minha vida e me transformou como ser humano”.
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