A jornalista Juliana Bublitz colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
Encabeçado por prefeitos e parlamentares, um movimento na tentativa de convencer o ex-governador José Ivo Sartori a concorrer outra vez ao comando do Palácio Piratini começa a ganhar força nos bastidores do MDB. Até então citado como possível pré-candidato ao Senado em 2022, Sartori é o sonho de consumo de uma ala do partido que tem entre seus expoentes o ex-senador Pedro Simon.
Na avaliação desse grupo, Sartori seria o concorrente com maiores chances de dar continuidade ao projeto em curso e de derrotar a esquerda e os concorrentes apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro — o senador Luis Carlos Heinze (PP), cuja pré-candidatura foi lançada em junho, e o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni (DEM), que não esconde o desejo de disputar o cargo.
— Há um sentimento na base do MDB absolutamente majoritário, senão unânime, em relação a Sartori. Com todo o respeito aos demais postulantes, Sartori é o mais competitivo. A questão é que ele não tem o perfil de se impor. Ele não vai sair se apresentando. Seria importante que fosse valorizado por quem está conduzindo a discussão — diz o deputado estadual Tiago Simon, que na última semana percorreu a Serra e defendeu a ideia entre os correligionários.
Até o momento, o nome mais cogitado à vaga vinha sendo o do deputado federal Alceu Moreira, presidente da sigla no Estado, considerado o “primeiro da fila”.
— Se Sartori tiver disposição, é claro que o partido vai levar isso em conta. Mas, enquanto o cenário não se define, o que precisamos fazer é um debate sobre projeto, sobre o que queremos propor para o Rio Grande — ressalta Moreira, que já está construindo um plano de governo.
Outro possível aspirante ao cargo, o presidente da Assembleia, Gabriel Souza, também diz que Sartori tem primazia:
— O ex-governador é o nosso grande nome. Ele pode ter perdido nas urnas em 2018, mas teve uma vitória política, porque a agenda dele teve continuidade. Se ele topar, não tenho dúvidas de que será o nosso candidato.
Consultado, Sartori não diz que sim nem que não.
— Eu não falo nada. Deixa que os outros falem — desconversa.
Entre interlocutores próximos, há dúvidas se o ex-mandatário de fato aceitaria entrar novamente na briga pela chefia do Executivo, já que, até então, Sartori vem mantendo reserva sobre o assunto. A movimentação dos aliados — feita com o conhecimento dele — é, também, uma estratégia para assegurar visibilidade e garantir, mais à frente, a candidatura ao Senado.
Aliás
Nas eleições de 2018, o então governador José Ivo Sartori esperou até o último momento, na fase final das convenções partidárias, para assumir publicamente que seria candidato à reeleição ao governo do Estado. Quem conhece “o gringo”, como é chamado, sabe que agora não seria diferente.
Alinhado a Bolsonaro, o prefeito da capital, Sebastião Melo, defende que o MDB aguarde a posição nacional da sigla para 2022:
— Não que isso faça a diferença, porque o MDB gaúcho não necessariamente segue essas orientações, mas é uma sinalização importante. O certo é que haverá candidatura própria e que temos um problema bom a resolver.