Ao comparar a situação da pandemia no Rio Grande do Sul à de um paciente internado com covid-19, se poderia dizer que o quadro ainda inspira cuidados, mas a evolução é satisfatória e os sinais vitais estão preservados. O avanço dos indicadores abre caminho para que, depois de oito semanas, o Estado saia da bandeira preta na segunda-feira (26). O gabinete de crise estuda a adoção de uma espécie de modelo de transição entre o mapa de hoje, 100% coberto de preto, e um com diferentes cores para cada região, a depender dos números da sexta-feira (23).
Não está em discussão a mudança do modelo, mas um meio termo entre a demanda dos prefeitos, de retirada da trava que impõe a bandeira preta (quando a relação entre leitos livres e ocupados baixa de 0,35), e o sistema anterior ao agravamento da crise, no início de março.
A alternativa seria levar em consideração todos os leitos hospitalares disponíveis - e não apenas os reservados para pacientes com coronavírus - e levantar a salvaguarda, mas suspender a cogestão, que permite adotar protocolos da bandeira imediatamente anterior. Em outras palavras, cidades em bandeira vermelha não poderiam adotar as regras brandas da laranja até que se retorne à relação de 0,35 leito livre para cada um ocupado.
Na prática, se isso for adotado, caem as restrições ao funcionamento das escolas. Em bandeira preta, o decreto estadual só autoriza aulas presenciais na Educação Infantil e no primeiro e segundo anos do Ensino Fundamental. Uma decisão judicial, no entanto, proíbe a abertura das escolas. Na bandeira vermelha, as aulas presenciais são permitidas em todos os níveis, desde que respeitados os protocolos de higiene, distanciamento e uso de equipamentos de proteção individual.
A mudança em estudo baseia-se nos dados mais recentes de evolução da pandemia e de ocupação dos hospitais, O boletim desta quinta-feira (22) indica que a taxa de ocupação das UTIs está em 86,2%. Todas as macrorregiões apresentam taxa inferior a 100%, embora duas das sete mantenham-se acima de 90%.
Pela terceira semana consecutiva, o Estado voltou a apresentar leitos de UTI desocupados. Nesta quinta, são 468 na soma de todas as regiões. Com isso, a razão de leitos livres para cada ocupado por Covid no RS voltou a ser positiva e crescente, mas se mantém baixa, em 0,24.
Na quarta-feira (21), o número de internados suspeitos e confirmados em leito clínico e de UTI apresentou queda de 137, sendo 58 em leito clínico e 79 em UTIs. O o número de internados em leitos clínicos confirmados com Covid-19 caiu de 2.574 para 2.506. O de suspeitos subiu de 406 para 416. Na semana, acumula-se redução de 298 confirmados e 15 suspeitos.
Nos leitos de UTI, o número de pacientes confirmados de covid-19 baixou de 2.000 para 1.929 em 24 horas. O de suspeitos passou de 121 para 113. Na semana, há redução de 206 confirmados e aumento de quatro suspeitos em UTI.
Apesar da evolução, a situação ainda é preocupante. A soma dos confirmados e suspeitos de covid-19 em leitos clínicos e UTI ainda é cerca 2,1 vezes superior ao período anterior à explosão de casos, no final de fevereiro.
Média móvel de pacientes em leitos clínicos
O gráfico abaixo mostra a média móvel diária de pacientes com confirmação da covid-19 internados em leitos clínicos. Também chamados de leitos de enfermaria, os leitos clínicos são vagas hospitalares para atendimento de baixa e média complexidade. É possível perceber a mudança no comportamento da curva cerca de três semanas depois da aplicação da bandeira preta sem flexibilizações.
Média móvel em UTIs
O gráfico abaixo mostra a média móvel diária de pacientes com confirmação da covid-19 internados em UTIs. É possível perceber a mudança no comportamento da curva cerca de um mês depois da aplicação da bandeira preta sem flexibilizações.