Nunca desde o retorno das eleições diretas em Porto Alegre, em 1985, os partidos políticos foram tão alijados de uma campanha eleitoral como neste ano. Seja porque a imagem saiu arranhada de governos e campanhas anteriores, seja porque mudaram de nome e vivem uma crise identidade, os partidos sumiram, fenômeno que se repete em outras cidades. Na propaganda eleitoral, mal se percebe que existem.
Prevalece o nome da coligação, que em geral não diz nada. Quando citados, o ritmo é tão acelerado que o ouvinte fica com a impressão de estar ouvindo “se persistirem os sintomas, um médico deve se procurado”.
Onde foram parar a foice e o martelo do PCdoB, a estrela do PT, a rosa vermelha do PDT, a chama do MDB, o tucano do PSDB e a pomba do PSB? E os outros, que nem símbolo têm?
Sumiram como as bandeiras que em outros tempos se multiplicavam nas esquinas, colorindo a cidade nos dias que antecedem a eleição. A pandemia é parte da explicação para a escassez de bandeiras e dos cabos eleitorais das ruas, mas o sumiço dos partidos no material de campanha está ligado ao desgaste detectado em pesquisas e à perda de significado para a maioria dos eleitores.
Não bastasse o Brasil ter 33 partidos registrados – alguns com nomes idênticos, mudando apenas uma letra – a sopa de letrinhas ficou ainda mais confusa porque vários trocaram de nome. Como a palavra “partido” não precisa mais constar na nomenclatura, surgiram palavras. Bonitas, quase todas, mas nem sempre compatíveis com o comportamento dos caciques.
Como pode o eleitor imaginar que o Cidadania (que não tem candidato a prefeito) é o antigo PPS, que já foi PCB na origem? Ou que Progressistas (no plural) é o novo nome do Partido Progressista (ex-PDS, ex-PPR, ex-PPB e ex-Arena)?
Com inspiração nos Estados Unidos, o Brasil tem Democratas (antigo PFL) e Republicanos (ex-PRB). Tem a Rede, sobrenome Sustentabilidade. E Avante, Patriota, Podemos, Solidariedade, Novo (um dos poucos em que o partido se sobrepõe às pessoas na propaganda) e Unidade Popular, este o caçula de todos, com menos de um ano de vida.
Aliás
Um dos focos de desgaste dos partidos é o uso de recursos públicos para financiar suas atividades. Neste ano, já foram distribuídos mais de R$ 680 milhões, sem contar o fundo específico para as campanhas eleitorais.
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