Até então pré-candidato a vice-prefeito na chapa de Gustavo Paim (PP), o coronel reformado Mario Ikeda (PRTB), ex-comandante da Brigada Militar, desistiu de concorrer à eleição majoritária e disputará uma vaga na Câmara de Vereadores de Porto Alegre. A decisão já foi comunicada a Paim.
A saída da chapa foi decidida por Ikeda após uma conversa com o vice-presidente da República Hamilton Mourão, que é o principal expoente nacional do partido.
Além da retirada de Ikeda, outros dois fatores contribuem para o esvaziamento da candidatura do vice-prefeito — que pode se tornar prefeito nas próximas semanas, caso a Câmara aprove o impeachment de Nelson Marchezan.
A primeira dificuldade diz respeito ao financiamento da campanha. No PP, os recursos do fundo eleitoral serão distribuídos pela executiva nacional. Embora o presidente do PP, Ciro Nogueira, tenha dito a Paim que o partido tem poucos candidatos viáveis nas capitais e Porto Alegre é estratégica para o PP, ainda paira a incerteza sobre quais serão os critérios para o aporte de verba nas candidaturas.
O presidente estadual do PP, Celso Bernardi, conversou com Ciro nesta semana e obteve dele a promessa de que dará uma resposta até quinta-feira (10).
— Com as empresas em dificuldade por causa da pandemia, não podemos contar com doações de empresários. Mas Paim é o nosso candidato e estamos tentando viabilizar a campanha — disse Bernardi.
Embora o PRTB tenha se comprometido a manter o apoio a Paim, não há nos quadros do partido um candidato natural à vaga de vice. O PP chegou a iniciar negociações com o Patriota, mas o PTB foi mais rápido e já anunciou o ex-candidato André Cecchini como coordenador do plano de governo de José Fortunati.
O segundo elemento é a pressão de outros partidos para que Paim desista e os progressistas passem a integrar outra chapa majoritária. O assédio mais forte vem do PTB. Na proposta pela aliança, além da candidatura a vice de José Fortunati, os petebistas acenam com um espaço igualitário aos partidos em um eventual futuro governo e na garantia de apoio ao candidato do PP na sucessão, em 2024. Fortunati tem dito que, se eleito, não pretende disputar a reeleição.
Além do PTB, o MDB de Sebastião Melo também sonha com uma aliança com o PP. Nesse caso, o acordo é dificultado porque Melo já tem um pré-candidato a vice (o vereador Ricardo Gomes, do DEM). A forma como Gomes deixou o PP também afasta alguns membros do partido da candidatura de Melo. Entre alguns progressistas, há o entendimento de que o deputado e outros expoentes do MDB trabalharam, nos bastidores, para desidratar a candidatura de Paim, convencendo Ikeda a concorrer a vereador.
Em conversas reservadas, o vice-prefeito tem admitido que não pretende se aventurar numa campanha sem estrutura, caso não seja contemplado com recursos suficientes pelo diretório nacional do PP. Como tem 43 anos e é desconhecido da maioria do eleitorado, Paim poderá voltar a disputar cargos no futuro.
Por outro lado, a boa largada e a baixa rejeição, constatada em pesquisas extraoficiais, animam o vice-prefeito e os vereadores do PP, que defendem a candidatura própria. Paim também é movido pelo desejo de representar, nas urnas o eleitorado identificado com a centro-direita e com os valores do PP. Desde 2004, quando lançou Jair Soares, a sigla não tem candidato próprio a prefeito na Capital.
Aliás
Caso o PP desista da candidatura própria, o apoio do PRTB (e, por consequência, do vice-presidente Hamilton Mourão) voltará a entrar em disputa em Porto Alegre.
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