Eu nunca quis ter um milhão de amigos, como na música de Roberto Carlos. Porque amigo, como diz Milton Nascimento, amigo é coisa pra se guardar. E não se contam os amigos em dezenas, centenas ou milhares. Amigo é um a um, e não tem nada a ver com o conceito de Facebook. Aliás, se tem expressão que me desconforta é “amigos do Face”, talvez porque embora ali estejam alguns amigos de verdade, mas nem todos o são. Amigo não é palavra que se vulgarize.
Amigo a gente sabe o nome, lembra de como se conheceu, celebra suas vitórias, estende a mão nas horas ruins. Nunca precisamos tanto de amigos como nestes meses de isolamento e contatos virtuais.
Por que falar de amizade neste domingo de agosto, se o Dia do Amigo foi em julho? Porque amigo de verdade não tem um dia específico. Todos são. Hoje, por exemplo, é um bom dia para ligar para aquela colega de aula que anda sumida e perguntar se está tudo bem. Ou para alguém do trabalho e dizer o quanto sente falta de ouvir sua voz. Minha vontade é mandar fotos do canteiro de alfaces e repolhos para falar da energia que vem da terra.
Dia do Amigo é aquele em que estamos fragilizados e recebemos uma avalanche de carinho. É quando as forças do mal tentam estragar nosso dia e encontramos mãos estendidas e palavras de conforto.
Dia do Amigo foi 5 de agosto, quando achei que teria um aniversário sem graça por não poder ganhar abraços. Mas a casa se encheu de flores, as lembranças vieram de todos lados. E até hoje não tive tempo para agradecer a cada um por essa onda de amor. Obrigada por todas as palavras, meus amigos.
Dia do Amigo também foi sábado, 15 de agosto. Porque recebi tanto carinho que terminei o dia com a sensação de que não viverei o suficiente para retribuir todas manifestações de apoio, confiança e solidariedade. De novo, obrigada.
E como se as mensagens e telefonemas fossem pouco, Fabiane e Sidnei, amigos vizinhos, se materializaram no portão, trazendo afeto em forma de verduras e um banquinho branco, transformado pelo talento da artista que ela é. Escrita a mão, a frase que me diz tanto: “O essencial é invisível aos olhos”. De máscara, conversamos a distância. Planejamos comemorações, falamos dos cinco meses de quarentena que estamos completando nesta semana e o dia terminou com a certeza de que amigos são nossa maior fortaleza.