Nem o presidente da Famurs, Maneco Hassen, imaginava que o resultado da pesquisa feita com os prefeitos do Rio Grande do Sul pudesse apontar tamanha rejeição à retomada as aulas no dia 31 de agosto, começando pela Educação Infantil. Os dados atualizados, agora com a resposta de 409 prefeitos, mostram que 94,13% deles não concordam com o calendário proposto pelo governador Eduardo Leite.
— Pelo o que ouvimos dos prefeitos na reunião de terça-feira, sabíamos que a proposta enfrentaria rejeição, mas o índice nos surpreendeu — disse o presidente da Famurs à coluna.
Pai de três filhos em idade escolar, de 10, 12 e 15 anos, Hassen diz que ele mesmo não mandaria os filhos à escola se as aulas fossem retomadas sem uma queda consistente no número de internações e de casos de contaminação pelo coronavírus.
Por conhecer a realidade dos municípios do Interior, o presidente da Famurs diz que é impossível adotar, em tão pouco tempo, um protocolo seguro para o transporte escolar. Na pesquisa, 92,42% apontaram o risco para alunos e professores como o maior problema para a volta às aulas em 31 de agosto. Em resposta a uma pergunta que permitia dar mais de uma resposta, 54,28% indicaram o transporte escolar como um dos principais problemas.
Logo depois vem a falta de equipamentos de proteção individual. Hassen diz que a promessa do governo de fornecer EPIs não convence os prefeitos, porque o processo de aquisição e distribuição do material é lento e burocrático.
— A maioria dos municípios sequer tem monitor nos ônibus e vans escolares. Em geral, os veículos circulam lotados, o que dificulta o distanciamento. Como garantir que todas as crianças farão todo o trajeto usando máscara? — questiona Hassen.
Os prefeitos têm, de um lado, a pressão das escolas particulares, que querem retomar as aulas e garantem estar preparadas para uma retomada segura, e de outro os pais preocupados em não expor os filhos ao vírus.
Por entender o drama dos donos de escolas, que têm custos fixos e precisam continuar pagando os professores, mesmo que muitos pais não estejam conseguindo manter as mensalidades, a Famurs vai sugerir ao governo do Estado um socorro emergencial. A proposta é o Banrisul abrir uma linha de crédito especial, com juros subsidiados, para que as escolas, sobretudo as de Educação Infantil, não tenham de fechar as portas em definitivo.
Confira o resultado atualizado da pesquisa após o ingresso de novos questionários, já que a versão anterior continua a resposta de apenas 367 prefeitos:
Você acha que as aulas devem retornar conforme o calendário proposto pelo governo do RS?
- Não - 94,13%
- Sim - 5,87%
Se respondeu não, quando deve se dar o retorno às aulas?
- A partir da vacina - 38,44%
- A partir da diminuição dos casos - 35,06%
- Apenas em 2021 - 24,42%
- Não responderam - 2,08%
Quais os principais problemas para o retorno das aulas no seu município?
- Transportes - 54,28%
- Falta de EPIs - 33,01%
- Falta/contratação de servidores - 44,99%
- Elevado número de casos - 29,34%
- Risco para os alunos e servidores - 92,42%
Quando retornarem as aulas, o que deve iniciar primeiro?
- Educação infantil - 6,11%
- Ensino superior - 56,97%
- Ensino médio e técnico - 16,87%
- Anos finais - ensino fundamental - 15,89%
- Anos iniciais - ensino fundamental - 3,67%
- Não responderam - 0,49%
Sobre a educação privada e pública:
- Devem voltar separadas - 13,94%
- Devem voltar ao mesmo tempo - 86,06%