Depois de sucessivas derrotas na eleição para prefeito de Porto Alegre e de perda de espaço na Câmara de Vereadores, o PT estuda a possibilidade de abrir mão da cabeça de chapa em 2020, para viabilizar uma frente de centro-esquerda. Se isso ocorrer, será a primeira vez desde a retomada das eleições nas capitais, em 1985, sem um petista concorrendo à prefeitura. A ideia é reunir na mesma chapa PDT, PCdoB, Psol e PT. O assunto foi discutido em uma reunião na sexta-feira passada e será retomado nesta quinta-feira (2).
O nome mais falado para encabeçar a chapa é o da ex-deputada Manuela D'Ávila (PCdoB), que ainda não confirmou se será candidata. Juliana Brizola (PDT) já manifestou o desejo de concorrer, e o Psol tem uma tradição de disputar a eleição majoritária. Como Luciana Genro é deputada estadual, pode tentar novamente a prefeitura, até para alavancar as candidaturas de vereadores.
Um grupo admite até ficar fora da chapa, para que outro parceiro indique o vice, mas a Democracia Socialista e o Avante, ala da deputada Maria do Rosário, não abrem mão de um mínimo de protagonismo.
O temor no PT é encolher ainda mais na Câmara de Vereadores, se lançar um candidato incapaz de empolgar os eleitores, como Adão Villaverde, que em 2012 fez apenas 76.548 votos, ou mesmo o ex-prefeito Raul Pont, que não conseguiu chegar ao segundo turno em 2016.
Em 1988, quando Olívio Dutra se elegeu prefeito, o PT, que na eleição anterior (1982) conquistara apenas uma cadeira, com Antônio Hohlfeldt, elegeu nove vereadores em Porto Alegre. Em 1992, Tarso Genro venceu a eleição para prefeito e o partido conquistou 10 cadeiras. Em 1996, ano da eleição de Raul Pont, que fez 408.998 e venceu no primeiro turno, a representação na Câmara subiu para 14. Foi o melhor momento do partido na Capital.
A partir desse ano, embora tenha mantido a prefeitura na eleição seguinte, novamente com Tarso Genro, que abandonou o mandato em 2002 para concorrer a governador, o número de vereadores só caiu: 10 em 2000, oito em 2004, sete em 2008, cinco em 2012 e quatro em 2016. Na prefeitura, o partido ficou fora do segundo turno em 2012 (o ex-petista José Fortunati, concorrendo pelo PDT, venceu no primeiro turno), e em 2016, quando Nelson Marchezan (PSDB) e Sebastião Melo (MDB) disputaram a final.
Caso opte por ter candidato a prefeito, o nome seria da deputada Sofia Cavedon, que não tem nada a perder, porque seu mandato na Assembleia vai até 2022. Os quatro vereadores (Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Carlos Comassetto e Marcelo Sgarbossa) devem disputar a reeleição.