A fala da secretária executiva do Ministério da Fazenda, Ana Paula Vescovi, sobre a condição de privatizar o Banrisul para aderir ao regime de recuperação fiscal, repercutiu também entre a maior bancada de oposição na Assembleia, a do PT. O líder da bancada do partido, deputado Luiz Fernando Mainardi divulgou nota afirmando que o governador José Ivo Sartori "escondeu da população a condição mais importante" para assinar o acordo.
“Não me surpreendi. Fui uma voz quase solitária, sempre desmentido pelo governo e por analistas interessados. A lei já deixava claro que as privatizações exigidas incluíam o setor financeiro e de saneamento. O regime de recuperação fiscal é o que sempre dissemos: um caminho para dilapidar o Estado e comprometer ainda mais as finanças”, diz a manifestação por escrito de Mainardi.
Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade nesta quarta-feira (28), Ana Paula afirmou que o Banrisul é peça-chave para adesão do Rio Grande do Sul e que não ter o banco na lista de estatais a serem privatizadas é "impedimento total" para o acordo. Além disso, a ex-secretária nacional do Tesouro explicou que o percentual de gastos com pessoal divulgado em relatório pela Secretaria da Fazenda do Estado não é o suficiente. Para aderir, seria necessário gastar mais de 70% da receita com a folha de pagamento e juros da amortização da dívida.
O Banrisul foi exigido porque as estatais oferecidas pelo governo Sartori (CEEE, CRM e Sulgás) não são suficientes para cobrir o empréstimo a ser contratado. Hoje, o Rio Grande do Sul estaria impedido de solicitar ajuda financeira devido a imposições da lei de responsabilidade fiscal.
Para Mainardi, o governador atual "deixou um legado de má gestão e falta de transparência, que comprometem estruturalmente o Estado". E falou sobre a antecipação de receitas: "o governo do MDB deixa dois meses de salário para ser pago pelo próximo governador, um ano e meio de parcelas da dívida com a União sem pagamento e a antecipação de ICMS e IPVA, invadindo receita do governo futuro".