A inspirada campanha do Banco Itaú recomenda: "Leia para uma criança. Isto muda o mundo". Na falta de habilidade para contar histórias para crianças, tarefa que exige talento e energia, nesta Feira do Livro resolvi fazer uma homenagem à literatura lendo em voz alta para adultos. Não, não farei performances na Praça da Alfândega, nem tenho a pretensão de mudar o mundo. Meu projeto é bem mais modesto: gravar um conto ou crônica por dia e postar aqui no site GaúchaZH, no espírito da filosofia deste casamento que completou um mês com resultados extraordinários. Se somos "um jornal também para ouvir" e "uma rádio também para ler", por que não oferecer um produto que não está na minha lista de atribuições cotidianas?
Esse projeto não tem nada a ver com o trabalho de comentarista de política. É uma espécie de voluntariado, que faço pelo prazer de compartilhar textos de escritores que admiro.
Minha inspiração para esse projeto vem de várias fontes. A primeira e mais importante é a Cris Lopes, uma jornalista cega, que se ressente da escassez de opções em audiobook. Eu e outros colegas da editoria de Opinião chegamos a gravar contos para a Cris ouvir, mas fomos displicentes e não entregamos tantos quantos ela merece. A segunda é uma mensagem que recebi quando estava fazendo o Gaúcha Atualidade com o Daniel Scola na Jornada Nacional de Literatura em Passo Fundo. "Eu nunca li um livro inteiro, mas vocês estão falando tão bem de livros que fiquei com vontade de ler um", escreveu o ouvinte para o nosso WhatsApp. A terceira são os idosos que gostam de literatura, mas têm problemas de visão ou mesmo de acesso ao livro. Por fim, quero apresentar bons textos a quem prefere escutar uma história a ler no papel ou na tela.
Peço desculpas antecipadas pela ousadia de ler para adultos sem ter voz de locutora e talento de atriz. Quero apenas fazer uma declaração de amor à literatura.