Dos grandes personagens da história do Brasil, meu preferido é Santos Dumont. Hoje parece simples, mas ter acreditado que o homem podia voar e conseguido provar sua teoria com o 14 Bis é uma das grandes façanhas da Humanidade. Tenho uma paixão recolhida por aviões de grande porte e entendo perfeitamente as pessoas que param na cabeceira de uma pista para ver aviões subindo e descendo, como no filme argentino Um Conto Chinês ou aqui na Avenida dos Estados em Porto Alegre.
Durante toda a sexta-feira (8), vivi uma experiência inesquecível para aficionados por aviões, circulando por áreas restritas do Aeroporto de Frankfurt. Os novos administradores do Salgado Filho quiseram mostrar ao governador José Ivo Sartori e aos jornalistas que acompanhavam a viagem como é, vista de dentro, a operação de um dos maiores aeroportos do mundo.
Circulamos por áreas inimagináveis, acompanhados de solícitos funcionários da Fraport. Imagine tocar na barriga de um A-380, o maior avião de passageiros em operação no mundo, assistir ao estacionamento do gigante 747-8 (o segundo maior do mundo) ao lado do operário que fica de braços abertos orientando o piloto ou circular de van pela área de 22 quilômetros quadrados até parar na cabeceira de uma das pistas e ver passar logo acima da cabeça, com as turbinas rugindo, aqueles monstros que pousarão alguns metros adiante.
Tivemos uma aula prática de como se faz para garantir que todas as malas embarquem no voo de seu dono quando se tem, nas horas de pico, um avião decolando a cada minuto.
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Imagine assistir ao carregamento de um MD-11 cargueiro, modelo que está sendo aposentado porque polui demais. Para quem não é desse tempo, o MD-11 já foi um dos mais modernos e confortáveis jatos de passageiros. Há 20 anos viajei num desses pela falecida VASP para Barcelona, com meus filhos pequenos.
Por falar em poluição, Frankfurt cobra taxas elevadíssimas das companhias que usam aviões mais antigos, porque produzem mais ruído e consomem mais combustível. Fiquei sabendo que com o dinheiro dessas taxas a Fraport mantém um fundo usado para ajudar as comunidades do entorno do aeroporto,instalando, por exemplo, janelas com isolamento acústico nas casas dos viventes.
Por que estou contando isso? Porque gosto de compartilhar experiências únicas e essa é uma delas. Aeroportos são áreas de segurança máxima e não é todo dia que um repórter veste um jaleco fosforescente e circula numa zona proibida para quem não trabalha por ali.
Voltei desse bate-volta (duas noites dentro de avião para dias em hotel) com a certeza de que o Salgado Filho está em boas mãos. Afinal, a Lufthansa é uma das donas da Fraport, junto com a cidade de Frankfurt, o Estado de Hesse e investidores privados que compram ações em Bolsa.