No mesmo dia em que o jornal O Estado de S.Paulo divulgou o resultado de uma pesquisa do Ibope realizada antes de se tornarem públicas as delações de executivos da Odebrecht, em que aparece como candidato com melhores índices para 2018, o ex-presidente Lula recebeu três péssimas notícias. Em depoimento ao juiz Sergio Moro, o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro soltou três bombas. Disse que o triplex do Guarujá estava mesmo destinado a Lula, que ajudou também na reforma do sítio de Atibaia e que, em 2014, no início da Lava-Jato, o ex-presidente o orientou a destruir provas.
As declarações de Léo Pinheiro somam-se às de executivos da Odebrecht que, em delações, detalharam as obras no sítio de Atibaia e a natureza das relações que justificaram um investimento tão elevado na propriedade.
– A pessoa te pede um valor que não é absurdo. É um agrado a fazer com uma pessoa que teve uma relação com o grupo esse tempo todo. É uma retribuição – disse na delação Alexandrino de Alencar, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, para justificar as obras no sítio, que teriam sido pedidas pela ex-primeira-dama Marisa Letícia.
A defesa de Lula segue na mesma linha das acusações anteriores. Diz que nenhum dos imóveis está em nome de Lula e que não existem provas contra o ex-presidente. É uma linha frágil. No caso do sítio, a propriedade está registrada em nome de Fernando Bittar, sócio de um dos filhos de Lula. Por que a Odebrecht faria obras orçadas em mais de R$ 500 mil (que acabaram custando bem mais) no sítio de um estranho? Os executivos da empresa deixam claro que Bittar era apenas um laranja: fizeram um agrado ao ex-presidente.
O imóvel do Guarujá é outra novela. Lula tinha uma cota da Bancoop, para aquisição de um apartamento no condomínio, e admite que chegou a estudar a compra do triplex, mas desistiu do negócio. A desistência foi formalizada depois que estourou a Lava-Jato.
A pesquisa do Ibope mostrou Lula como o presidenciável com maior potencial de voto entre nove nomes testados: 30% dos eleitores disseram que votariam nele com certeza e 17% que poderiam votar, enquanto 51% não votariam nele de jeito nenhum. A rejeição a Lula caiu 14 pontos em um ano.
Pela primeira vez, o Ibope testou o potencial do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), em uma eleição para presidente: 12% disseram que votariam nele com certeza e 12% que poderiam votar. A rejeição é dele é de 32%.
ALIÁS: A pesquisa do Ibope mostrou que a situação dos possíveis candidatos do PSDB é desanimadora: enquanto o potencial eleitoral de Lula é de 47%, o de Aécio Neves despencou de 41% para 22%. O de José Serra caiu de 32% para 25%, e o de Geraldo Alckmin baixou de 29% para 22%.