A pesquisa do Datafolha não é a primeira que mostra o ex-presidente Lula em primeiro lugar nas simulações para eleição de 2018. Todos os institutos apontam na mesma direção. A novidade do Datafolha é que, apesar de todas as citações em delações premiadas na Lava-Jato, Lula cresceu e oscila entre 29% e 31%, dependendo dos adversários incluídos na cartela.
A outra surpresa é o crescimento de Jair Bolsonaro (PSC), para uma faixa entre 11% e 16%, disputando o segundo lugar com Marina Silva (Rede), Sergio Moro (sem partido) e João Doria (PSDB).
Faltando um ano e cinco meses para a eleição, não se pode descartar um cenário com Lula e Bolsonaro no segundo turno. Nessa hipótese, Lula teria hoje 43% e Bolsonaro, 31%. Nas simulações de segundo turno, Lula ganha fácil dos tucanos Geraldo Alckmin, Aécio Neves e João Doria. Só fica numericamente abaixo de Marina e de Moro, ainda assim em situação de empate técnico.
Uma pesquisa do Ibope feita entre 7 e 11 de abril sobre o potencial dos candidatos constatou que 30% dos entrevistados votariam em Lula "com certeza" e 17% "poderiam votar".
Como explicar os números de Lula, com tantas citações na Lava-Jato? O Instituto Pesquisas de Opinião (IPO) já fez essa pergunta em pesquisas qualitativas e concluiu que o fato de o ex-presidente não ter sido preso leva os eleitores dele a concluírem que as acusações são frágeis. Esse é um ponto. Há outros fatores que devem ser levados em conta: a capacidade de comunicação do ex-presidente, o desgaste do governo Temer, com 61% de ruim e péssimo, a reação às reformas, a memória dos anos de pleno emprego e a falta de adversários competitivos.
O PSDB, que desde 1994 disputa o comando do país com o PT, ostenta resultados desastrosos no Datafolha. Aécio tem índices de candidato nanico (5%). Alckmin (6%) perde para Lula (30%), Marina (16%) e Bolsonaro (14%) e empata com Ciro Gomes (PDT). Só aparece à frente de Temer, que tem escassos 2%. O tucano em melhor situação é o prefeito de São Paulo, João Doria, com 9% e menor índice de rejeição (os mesmos 16% de Moro). Lula é rejeitado por 45%, Aécio por 44% e Temer por nada menos que 64% dos entrevistados.
A pesquisa do Datafolha foi feita antes da greve geral de sexta-feira.
BRANCOS E NULOS
Considerando-se o desgaste da classe política, é até baixo o índice de eleitores dispostos a votar em branco ou a anular o voto na eleição presidencial de 2018.
Nos cenários em que o ex-presidente Lula é apresentado como opção, o percentual de brancos e nulos varia de 11% a 17%, dependendo de quem são os demais competidores.
Nas simulações sem a presença de Lula, a intenção de votar branco ou nulo sobe. Vai a 25% no cenário em que o candidato tucano é João Doria e a 27% quando o nome do PSDB é Geraldo Alckmin.
ALIÁS
Na pesquisa do Datafolha, o presidente Michel Temer tem, como candidato, o mesmo tamanho de Luciana Genro (PSOL), Ronaldo Caiado (DEM) e Eduardo Jorge (PV): 2% das intenções de voto.