Com a aprovação de projetos que tiveram até o apoio de deputados do PT, a Assembleia destravou as votações que estavam emperradas, mas as propostas mais polêmicas devem ficar para o fim de abril ou início de maio. Para aprová-las, o governo de José Ivo Sartori terá de ceder, desfigurando o pacote encaminhado no final do ano passado.
Na próxima terça-feira, deve ser aprovada a indicação de Otomar Vivian para a presidência do Instituto de Previdência do Estado, tema que não enfrenta resistência. Da mesma forma, tende a ser aprovada sem qualquer dificuldade a renovação de contratos emergenciais de 22 mil pessoas, sendo 19 mil professores. Para o dia 11 está prevista a votação do reajuste do piso regional, cuja correção é retroativa a 1º de fevereiro.
A intenção do líder do governo, Gabriel Souza, é incluir na pauta da segunda semana de abril o projeto que muda o estatuto do servidor militar e que, na prática, restringe as aposentadorias precoces. Outro projeto remanescente de dezembro e que deve ser apreciado em abril é o que altera a jornada de trabalho dos agentes da Susepe. Como as corporações resistem, é possível que o governo tenha de acatar emendas.
Concessões também deverão ser feitas para aprovar o fim das cedências de servidores para sindicatos e entidades de classe com ônus para o Estado. O governo queria que os cedidos tivessem o salário pago pelos sindicatos e associações, mas, diante da resistência entre os próprios aliados, estuda-se um meio-termo: o Estado cede um número menor de servidores, e as entidades, se quiserem ampliar as diretorias, terão de bancar os salários.
Deve ficar para o final de abril ou início de maio a votação da parte mais polêmica do pacote, o fim da exigência de plebiscito para vender a CEEE, a Sulgás e a Companhia Riograndense de Mineração (CRM). Diante da resistência do PDT à venda da CEEE, que acaba influenciando também o PTB, é possível que a estatal de energia elétrica seja excluída do pacote.
Para tentar convencer os que ainda resistem à privatização, o governo deverá abrir os números que mostram a situação caótica da CEEE e da CRM. Com a venda da Sulgás, a expectativa é de arrecadar entre R$ 800 mil e R$ 1 bilhão.