Sinal de enfraquecimento do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes: foi o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e não ele, responsável pela área, quem se reuniu, nesta quarta-feira, com integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social para debater políticas de segurança pública. Padilha recebeu o professor Ricardo Balestreri, que foi secretário nacional de Segurança Pública, e José Júnior, fundador do grupo Afroreggae.
Secretário executivo do Conselhão, Padilha convidou os dois para também acompanharem os trabalhos do Conselho Nacional de Segurança Pública, para que possam sugerir estratégias para o combate à violência.
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O ministro da Justiça está desgastado pela crise no sistema penitenciário nacional e por suas tentativas de minimizar a gravidade da situação. Nos bastidores, é chamado de Alexandre "tudo sob controle" Moraes por aliados do presidente Michel Temer que gostariam de vê-lo fora do governo, mas acreditam que o ministro só não cai porque tem a proteção do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
Coincidência ou não, esta quarta-feira foi um dia em que a crise no sistema penitenciário ganhou novo ingrediente. Sete integrantes do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, incluindo o presidente Alamiro Velludo Salvador Netto, protocolaram uma carta de renúncia. Indicados na gestão Dilma Rousseff, os seis titulares e um suplente saíram criticando o governo, reclamando de não terem sido consultados na discussão do Plano Nacional de Segurança.
Um dos trechos da carta diz: "A atual política criminal capitaneada pelo Ministério da Justiça, a seguir como está, sem diálogo e pautada na força pública, tenderá a produzir tensões no âmago do sistema prisional, com o risco da radicalização dos últimos acontecimentos trágicos".
O Ministério da Justiça respondeu com uma nota. "O grupo que ora se despede identificava-se com a gestão anterior. O conselho passará, ao natural, por renovação, o que proporcionará melhor compreensão do dramático cenário herdado. O descalabro penitenciário não é de hoje, não tem oito meses, mas décadas. Claro, sobretudo, foi acentuado nos últimos 14 anos", diz um trecho.