A carta na manga que o governador José Ivo Sartori tinha para aprovar um pacote que parecia fadado à derrota é uma sigla de três letras: PTB. Foi o Partido Trabalhista Brasileiro, que se declara independente desde 1º de janeiro de 2015, o responsável pela aprovação de propostas polêmicas como a extinção de fundações como a Zoobotânica, a Piratini e a de Economia e Estatística. O PTB compensou os votos que o governo perdeu no PTB e o do ainda deputado Mário Jardel (PSD), que em outras votações foi decisivo para a aprovação.
A adesão do PTB ao pacote não é ampla, geral e irrestrita. O deputado Ronaldo Santini já avisou que o partido não dará aval a propostas de legalizam o atraso nos salários. O partido discorda do calendário que prevê o pagamento da folha em quatro datas distintas _ a primeira faixa no quinto dia útil e a quarta no 20º dia útil, o que equivale a quase um mês de atraso. Vota contra, também, à proposta de pagamento de 50% do 13º salário em dezembro e do restante até novembro do ano seguinte. Esses dois pontos enfrentam resistência de outros deputados da base aliada. O PDT, por unanimidade, deverá votar contra.
É possível que esse seja o "bode na sala" que todo pacote contém. Porque legalizar o atraso no pagamento dos salários é medida que pode cair ali adiante no Judiciário. O governo ainda tem uma extensa pauta para vencer na sessão que começa às 14h e que, mais uma vez, deve se estender pela noite adentro. Falta votar projetos polêmicos e de alto impacto, como o que muda a forma de cálculo dos repasses para os outros poderes, o que acaba com a cedência remunerada de dirigentes sindicais e os que promovem mudanças na segurança pública. Falta apreciar, ainda, a proposta de fim da exigência de plebiscito para a privatização da CEEE, da CRM e da Sulgás, outra que o PDT rejeita.