O debate sobre a extinção de nove fundações está sendo feito de forma simplista no Rio Grande do Sul. De um lado, o governo, que fez o diagnóstico da máquina e propôs os cortes, evita entrar em detalhes porque optou pela estratégia de aprovar as extinções em bloco, invocando a necessidade de modernização. Do outro, os servidores que resistem e os defensores de um Estado forte, mesmo que financeiramente devastado.
Nesse embate, a maioria dos gaúchos, a quem cabe pagar a conta, acaba alijada das discussões, bombardeada por argumentos dos dois lados. Até deputados confessam que ouvem os argumentos de um lado e saem convencidos, mas depois ouvem o outro e mudam de ideia.
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Motivada por uma carta de servidores da Secretaria do Ambiente (Sema), que dizem não ter condições de assumir as tarefas da Fundação Zoobotânica, a secretária Ana Pellini resolveu sair a campo para contestar:
– Não estamos em voo cego. Sabemos muito bem o que estamos fazendo e posso garantir que a Sema tem, sim, condições de gerenciar o Jardim Botânico, o Zoológico e o Museu de Ciências Naturais, fazendo parcerias e concessões.
Ana Pellini já tem pronto o novo organograma da Sema, com as tarefas que caberão a cada setor se for aprovada a extinção da Zoobotânica:
– Vamos racionalizar os recursos públicos, que são escassos. Na Fepam, fizemos uma reestruturação que permitiu, em dois anos, diminuir o tempo de licenciamento de 900 dias para 80 dias e reduzir o estoque de processos de 13 mil para 6 mil.
A secretária diz que o modelo das fundações é arcaico e caro para o Estado: os salários são mais altos do que os da administração direta e os trabalhadores têm todas as vantagens do serviço público, como a estabilidade, combinadas com a do setor privado, como o dissídio coletivo e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Ana Pellini considera inaceitável o fato de os servidores da Zoobotânica dedicarem-se apenas a pesquisas acadêmicas, que poderiam ser desenvolvidas nas universidades, enquanto o Estado carece de cérebros para fazer pesquisa aplicada e precisa contratar estudos de terceiros. Também são terceirizados os serviços de segurança e manutenção do Jardim Botânico.