Os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação (Ideb), divulgados nesta quinta-feira, são reveladores da tragédia em que se transformou a educação brasileira e indicam que o analfabetismo funcional é um dos males desta segunda década do século 21. No Rio Grande do Sul, um Estado que se gaba de suas façanhas até no hino, a falência do Ensino Médio aparece em números que deveriam ensejar a convocação das melhores cabeças do Estado para discutir o que fazer diante de um fracasso tão retumbante.
Que país pode aspirar à condição de potência se não consegue evoluir em um quesito tão essencial quanto a educação básica? De 2005 para 2015, patinamos. Pelas metas estabelecidas para chegar em 2022 com indicadores semelhantes aos dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), deveríamos ter atingido em 2015 um modesto 4,3, mas estancamos em 3,7.
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No Rio Grande do Sul, a meta de 2015 era 4,6, mas ficamos em 3,6 – abaixo dos 3,7 de 2005. Na comparação com outros Estados, estamos em um vergonhoso 13º lugar e abaixo da média nacional. Perdemos para São Paulo, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Pernambuco, Espírito Santo, Goiás, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará e Amazonas. Temos nota idêntica à de Rondônia, Roraima e Acre.
Onde foi que erramos nestes 10 anos? Esta resposta precisa ser buscada para além do óbvio. Os baixos salários pagos aos professores têm parte da culpa, mas há outros fatores que precisam ser colocados na balança, se quisermos que crianças e adolescentes progridam na aprendizagem e não abandonem a escola.
Uma hipótese a ser investigada é a de que as escolas tenham se aferrado a um modelo do século 19 e não consigam lidar com os alunos na era tecnológica. Talvez o país precise repensar a formação de professores e não apenas a mudança da grade curricular, como quer o ministro da Educação, Mendonça Filho. O problema do Brasil, está claro, é muito mais complexo.