Na superterça em que nos Estados Unidos se consolidam as candidaturas de Hillary Clinton e Donald Trump, com cenas de ópera-bufa protagonizadas pelo candidato republicano, o Brasil foi dominado por três fatos que têm em comum a contribuição para o descrédito da política. Esses fatos envolvem, em diferentes episódios, a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula e o deputado Eduardo Cunha.
1. Veio à tona a revelação de que, no acordo de delação premiada de 11 executivos da Andrade Gutierrez, consta a informação de que, na eleição de 2010, a empresa pagou contas de campanha de Dilma, no valor de R$ 5 milhões. O valor teria sido quitado por meio de um contrato fictício de prestação de serviço com a agência Pepper, que trabalhou na campanha da presidente naquele ano. Qual é o problema? Mesmo que não tenha impacto no mandato vigente, uma operação fictícia para pagar contas de campanha é crime.
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2. O ex-presidente Lula escapou de depor ao Ministério Público de São Paulo sobre o triplex reformado pela construtora OAS, no Guarujá. O depoimento estava marcado para quinta-feira, mas Lula encaminhou a defesa por escrito e entrou com um pedido de habeas corpus preventivo para evitar o risco de um mandado de condução coercitiva para depor. Qual é o problema? Ao fugir de dar explicações, alegando questões formais, Lula passa a ideia de que teme se submeter a um interrogatório sobre a negociação não concretizada de um imóvel cuja reforma teria sido orientada por sua mulher, Marisa Letícia. Também na terça, vieram a público as fotos dos pedalinhos com o nome de seus netos Pedro e Arthur, comprados para o sítio de Atibaia que Lula frequenta desde que deixou a Presidência, mas diz que não é dele.
3. Na Câmara, repetiu-se a manobra de Eduardo Cunha para empastelar o processo de seu julgamento no Conselho de Ética. Qual é o problema? Cunha mentiu numa CPI, ficou provado que tinha dinheiro não declarado na Suíça e agora debocha de seus pares e dos eleitores ao usar artifícios para escapar do julgamento no Conselho de Ética.
Não foi suficiente. No início da madrugada o Conselho de Ética surpreendeu o país e aprovou a abertura do processo de cassação pelo placar de 11 votos a 10 graças ao voto de minerva do presidente José Carlos Araújo (PSD-BA).
Aliás
Mais um deboche com os contribuintes: deputados de uma comissão que trata da legalização dos jogos no Brasil querem ir a Punta del Este conhecer o impacto dos cassinos na economia.