A reação popular começou com uma manifestação em frente ao Palácio do Planalto contra a nomeação do ex-presidente Lula para a Casa Civil. Foi crescendo e se espalhando por Brasília e por outras capitais, quando começaram a ser divulgadas as gravações dos telefonemas trocados por Lula com ministros, advogados e com a presidente Dilma Rousseff. Em diferentes cidades, eleitores indignados bateram panelas.
Em Porto Alegre, milhares de manifestantes se reuniram no Parque Moinhos de Vento, mesmo palco da manifestação de domingo, que reuniu 100 mil pessoas. De lá, um grupo marchou até o Palácio Piratini. Novos protestos foram convocados pelos opositores do governo, alguns com a orientação de que, desta vez, os manifestantes troquem o figurino verde-amarelo por roupas pretas.
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Como no domingo passado, a maior manifestação ocorreu na Avenida Paulista, em frente ao prédio da Fiesp, enfeitado com luzes verdes e amarelas. Na parede, um letreiro repetia o que os manifestantes pediam no chão: a renúncia de Dilma.
As manifestações de rua dificultam a reação do Palácio do Planalto. Dilma está emparedada. A estratégia de defesa, esboçada na noite desta quarta-feira, é acusar o juiz Sergio Moro de ter violado a lei ao divulgar diálogos da presidente da República, gravados em grampos telefônicos. Os ataques a Moro por divulgar o conteúdo das conversas estão sendo replicados nas redes sociais pelos aliados do governo.
A nomeação de Lula, que vinha sendo chamada de "bala de prata", revelou-se um tiro que saiu pela culatra. Além de provocar revolta na população, incendiou os ânimos no Congresso e provocou a ira dos atingidos pelos impropérios de Lula em seus telefonemas.
O tamanho das manifestações dos próximos dias será determinante para o futuro do processo de impeachment. Os deputados são particularmente sensíveis ao rugido das ruas.
Até ontem, o governo contava votos e apostava na capacidade de articulação de Lula para conseguir os 171 necessários para evitar a abertura do processo de impeachment. Com as gravações que comprometem Lula, é real o risco de o governo ficar isolado, contando apenas com os parlamentares do PT. Os aliados começaram a debandar.