Por mais que o governador José Ivo Sartori e seus secretários insistam em tratar os problemas da segurança pública do Rio Grande do Sul como um contratempo que todos os Estados enfrentam, nos bastidores existe o reconhecimento de que a situação passou dos limites. Aliados do governador cobram uma virada na segurança, temerosos de que a apatia e o discurso conformista contaminem as candidaturas dos aliados na eleição municipal.
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Até no PMDB, partido do governador, a convicção é de que chegou a hora de trocar o discurso caótico da crise das finanças por uma postura mais propositiva.
– Não se trata uma doença sem ter o diagnóstico, mas o diagnóstico em si não cura – diz o presidente do PMDB, Ibsen Pinheiro.
O segundo ano do governo Sartori é o item 2 da pauta do próximo encontro estadual do PMDB, ainda sem data definida. O primeiro é a eleição municipal, incluindo a definição de reuniões regionais para tratar de candidaturas e a discussão do financiamento da campanha, agora que as doações de empresas estão proibidas.
Aliados de diferentes partidos querem a demissão do secretário Wantuir Jacini. Argumentam que a Secretaria da Segurança precisa de alguém capaz de mudar a percepção de que o governo está conformado com resultados pífios no combate à violência. Não está em discussão a capacidade técnica de Jacini nem sua lealdade – elogiadas por Sartori –, mas a postura excessivamente defensiva do secretário.
O perfil do eventual substituto de Jacini varia conforme o interlocutor. Há quem defenda a indicação de alguém como o deputado Enio Bacci (PDT), que marcou sua rápida passagem pelo governo de Yeda Crusius pela performance de caçador de bandidos. Como esse perfil não combina com a visão de Sartori, o mais provável é que, se Jacini sair, o governo escolha um substituto com as qualidades de Ana Pellini (Ambiente) e João Gabbardo (Saúde), dois auxiliares elogiados pela competência e pela objetividade.
O governo sabe que trocar o secretário não basta. Para virar a chave, será preciso nomear mais policiais civis e militares, investir em presídios e tomar medidas que devolvam ao cidadão a percepção de segurança nas ruas.