Assim que retornar das férias, no início de fevereiro, o secretário da Segurança Pública, Wantuir Jacini, será instado pelo Palácio Piratini a adotar uma postura mais ofensiva. É consenso no governo que Jacini tem um currículo irretocável, mas precisa mudar o discurso urgentemente, sob pena de aumentar o coro dos aliados que pedem sua cabeça.
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O retorno coincide com a volta de Sartori, que está fazendo um cruzeiro pelo Caribe. Nos últimos dias, o governador ficou distante dos problemas do Estado, mas o secretário não. Nas férias, Jacini visitou parentes no Interior e viajou para Mato Grosso do Sul, Estado em que foi secretário antes de receber o convite de Sartori. Sabe, portanto, que a chapa está quente. A percepção dos gaúchos sobre os resultados da política de segurança é a pior possível. Os colegas querem que Jacini seja mais incisivo quando explica por que não adianta chamar a Força Nacional de Segurança. Não querem ouvir dele que “o Rio Grande do Sul não precisa”, e sim que a Força Nacional só atua em questões pontuais e não no policiamento ostensivo.
O secretário precisa reconhecer que será preciso nomear mais policiais ou rever a política de corte de horas extras e da gratificação de permanência, para inibir as aposentadorias. É evidente que o preenchimento das vagas não é suficiente para resolver o problema. Será preciso atuar com mais energia em outras frentes, como a ampliação da oferta de vagas nos presídios, sob pena de se perder todo o esforço despendido com a prisão de criminosos que, libertados poucas horas depois, voltam a delinquir.
Quando se diz que o contingente da Brigada Militar é de 20 mil homens se está dizendo uma meia verdade. Na rua mesmo, trabalhando no policiamento, são cerca de 11 mil. Do total de 20 mil que constam da folha de ativos é preciso descontar os 2,5 mil bombeiros, os PMs aposentados e temporários que fazem tarefas específicas, os oficiais, os cedidos, os que trabalham em atividades burocráticas e os que estão em licença médica.
Também é preciso levar em conta que, entre a decisão de nomear os aprovados e o efetivo trabalho na rua, gasta-se quase um ano com as formalidades e o treinamento. Enquanto as nomeações estão congeladas, os pedidos de aposentadoria não param de crescer.