Prezada Julia Costa, diretora-presidente da Cais Mauá do Brasil.
Sem a pretensão de me autonomear porta-voz dos que defendem a revitalização do Cais Mauá e torcem para que todos os obstáculos sejam superados o mais rápido possível, tomo a liberdade de apresentar-lhe uma ideia que me ocorreu ao visitar a Feira do Livro: por que não criar, dentro de um dos armazéns que serão reservados à cultura, um teatro com o nome do escritor Carlos Urbim? A senhora é carioca, mas já deve ter ouvido falar do quanto o Urbim foi importante para nós. especialmente para as crianças. Ali na Rua Sepúlveda, bem em frente ao pórtico Central, está instalado, em caráter provisório, o Teatro Carlos Urbim.
No sábado, assisti a um espetáculo do gaiteiro Borghettinho, antes da conversa dele com os jornalistas Márcio Pinheiro (autor do livro Esse tal de Borghettinho) e Juarez Fonseca. Na segunda-feira, a plateia estava lotada para um show de música clássica. Só que esse teatro é de lona e será desmontado junto com a Feira do Livro. Seria fantástico oferecer a Porto Alegre, de frente para o Guaíba, um espaço permanente, com o nome do escritor que encantava crianças e adultos. Se apurar o ouvido, a senhora vai encontrar os ecos da risada do Urbim por esse cais em feiras do livro do passado recente. Se procurar bem, é capaz de encontrar marcas da passagem dele naquele canto de armazém que se transmutava em teatro.
Carlos Urbim nos deixou no verão passado. Tenho certeza de que, além de homenagear um dos mais queridos personagens da cena cultural de Porto Alegre, a Cais Mauá estará atraindo boas energias se der o nome de Urbim para um espaço cultura. E que ele, com aquela simpatia que a todos conquistava, já estará íntimo de São Pedro, a ponto de pedir que nos proteja de outro alagamento como o que neste ano impediu a instalação da área infantil da Feira do Livro no Cais Mauá.