A tragédia da Sexta-feira 13 em Paris nos diz respeito, não apenas porque um ataque terrorista em qualquer ponto do planeta é uma ferida na alma da civilização, mas porque também podemos ser alvos dentro e fora do nosso território. A tradição pacifista do Brasil não é salvo-conduto neste mundo em que fanáticos cortam cabeças, disparam metralhadoras contra inocentes ou se explodem em nome de uma causa.
A grande preocupação do Brasil deve ser com a Olimpíada de 2016, quando atletas do mundo inteiro estarão competindo no Rio de Janeiro. A memória dos mortos no atentado terrorista que ensanguentou a Olimpíada de Munique, em 1972, serviu para aumentar os cuidados na Copa de 2014. Reportagem do jornalista Humberto Trezzi mostra que um esquema ainda mais rigoroso foi planejado para a Olimpíada. O Exército capacita esquadrões contra bombas e ameaças biológicas e a Abin rastreia credenciados em busca de suspeitos de extremismo.
Depois do massacre de Paris, deve ser redobrada a atenção das autoridades brasileiras e dos serviços de inteligência dos países que mandarão atletas para o Rio. O risco não pode ser subestimado com ilusões do tipo “somos um povo cordial” ou “o Brasil não está envolvido em conflitos”.
Se a França, que se sabia alvo preferencial dos terroristas do Estado Islâmico, não foi capaz de evitar os atentados de 13 de novembro, é evidente que um país como o Brasil é vulnerável em um evento mundial. Se os Estados Unidos, maior potência da Terra, foram surpreendidos no 11 de setembro por terroristas que aprenderam a pilotar em seu próprio território, por que o Brasil, inexperiente em lidar com o terror, poderia sentir-se seguro?
A porosidade das fronteiras, que favorece o tráfico de armas e de drogas, é o primeiro problema a ser enfrentado pelos responsáveis pela segurança dos atletas e do público que assistirá aos jogos. A preocupação com a segurança deve incluir maior rigor no controle de entrada de estrangeiros e na seleção dos voluntários que trabalharão durante os jogos. Hotéis, bares, restaurantes, pontos turísticos e locais de competição precisarão de reforço no policiamento. A lógica do terror é provocar impacto.