Logo após o massacre terrorista de 7 de outubro de 2023, testemunhei em Israel o medo em seu estado mais puro. Quando desembarquei aqui, extremistas do Hamas ainda estavam infiltrados em áreas do sul do país e o grupo disparava foguetes a partir de Gaza. Existia também, é claro, uma profunda tristeza, estupefação, misturada com revolta e horror.
Ao chegar nesta quarta-feira (2) de volta a Israel, vejo um país que ainda espera o retorno dos mais de cem reféns em poder dos terroristas. As faixas com os rostos dos sequestrados estão em várias partes: dos viadutos que ligam Jerusalém a Tel Aviv aos postes da dourada orla do Mediterrâneo. Ninguém foi esquecido.
Mas eu vejo, além de tudo, uma preocupação muito séria com o futuro. Muitas pessoas com as quais conversei dizem sem pestanejar: "Estamos em guerra". O medo continua: não se sabe que horas virão os mísseis do Irã ou os foguetes do Hezbollah. É um medo diferente. Como se trata de uma conflito armado contra outro Estado — ainda que Israel negue e diga que o alvo é o grupo extremista —, o nível de preocupação é maior.
Nesse início dos festejos do Ano-Novo judaico (Rosh Hashaná), em que crianças e adolescentes desejam "shana tova" (Bom ano), vê-se multidões nas ruas comprando flores, andando de patinete ou jogando frescobol à beira-mar menos de 12 horas depois de o país sofrer seu maior ataque em décadas. Mas essa é uma falsa sensação de que está tudo bem. Logo, observam-se helicópteros no céu. A qualquer momento, as sirenes podem voltar a tocar. E, pela primeira vez, o Domo de Ferro, o poderoso sistema antiaéreo israelense, vazou.
Os mísseis do Irã aproximaram demais a guerra de Tel Aviv.