Com 280 mil habitantes, Haifa é, em tempos normais, uma cidade pujante, universitária, a terceira maior de Israel. No entanto, vive seu maior êxodo. Milhares de moradores deixaram a metrópole do norte do país, cujos montes, como Carmelo, quase beijam o Mar Mediterrâneo. Eles buscam abrigo em regiões mais seguras de Israel - além de Haifa, em todo o Norte, cerca de cem mil pessoas estão desalojadas há um ano devido aos ataques do Hezbollah.
Quem ficou, enfrentou ontem a maior barragem de foguetes em um ano de confronto. O grupo terrorista lançou contra Haifa cerca de cem artefatos, em duas ondas. Segundo os militares, a maioria dos projéteis lançados a partir do Líbano foi interceptada pelo sistema antiaéreo israelense, o Iron Dome. A poderosa cúpula de ferro vaza, no entanto, vazou. Foram relatados alguns impactos nos subúrbios de Kiryat Yam e Kiryat Motzkin. Uma mulher na faixa dos 70 anos foi ferida por estilhaços, e danos foram causados a várias casas. Sem o Iron Dome seria muito pior.
A coluna circulou pela cidade em boa parte do dia - de carro e a pé. É uma Haifa fantasma: os poucos moradores que arriscam sair às ruas, andam a passos rápidos, de olho, quadra a quadra, no próximo abrigo antiaéreo. É para lá que precisam correr, caso as sirenes disparem. E elas disparam a toda hora - agonizantes, infindáveis. Outros carregam sacos com comida e garrafas d'água, temendo escassez ou o fechamento dos mercados. Próximo ao porto, o maior dos três principais terminais marítimos internacionais de Israel, que incluem Ashdod e de Eilat, há sinais de pedaços de concreto e tijolo deslocados por estilhaços dos foguetes.
As Forças de Defesa de Israel aumentaram as restrições ao funcionamento das escolas, em um indicativo de que a situação tende a piorar: colégios só poderão ter aulas se houver um bunker, um abrigo antiaéreo, ao alcance, com rapidez, de estudantes e alunos. A pujante Haifa, dos relatos bíblicos, do Templo Bahá'i e seus jardins, um dos locais mais bonitos do mundo, governada por hebreus, persas, romanos, bizantinos, árabes, cruzados, otomanos, egípcios, britânicos e, finalmente, israelenses, está sem cor.
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