Na sexta-feira (19), um homem foi preso ao tentar invadir a embaixada do Irã em Paris com o que parecia ser explosivos. No fim, descobriu-se que ele não estava armado nem transportava bombas. O episódio, no entanto, foi suficiente para reforçar as preocupações sobre a segurança durante os Jogos Olímpicos, que começam dentro de pouco mais de três meses na capital francesa.
Paris, Olimpíada e atentados são palavras que, juntas, provocam más recordações. A cidade foi alvo de extremistas islâmicos em duas ocasiões relativamente recentes - na invasão da revista satírica Charlie Hebdo e na série de ataques por restaurantes e cafés da região da Place de la République, chegando ao massacre da casa de espetáculos Bataclan, em 2015.
Em toda a história dos Jogos Olímpicos modernos houve dois atentados terroristas: a famosa invasão da Vila Olímpica de Munique, à epoca Alemanha Ocidental, em 1972, que culminou na morte de 11 atletas israelenses pelas mãos do grupo palestino Setembro Negro, e em 1996, no Centennial Park, em Atlanta, Estados Unidos, quando duas pessoas morreram e 110 ficaram feridas na explosão de uma bomba plantada por um extremista de direita.
A Olimpíada de Paris ocorrerá em meio a duas grandes guerras em andamento - no Leste Europeu, entre Ucrânia e Rússia, e no Oriente Médio, entre Israel e Hamas, com chances de transbordar para o Irã. Em março, as autoridades francesas elevaram o nível de alerta para máximo depois do ataque terrorista reivindicado pelo Estado Islâmico contra a casa de espetáculos Crocus City Hall, em Moscou.
O ponto mais sensível dos Jogos será a abertura, prevista para 26 de julho, quando são esperadas 300 mil pessoas às margens do Rio Sena. A céu aberto, a área de grande extensão potencialmente exposta a ameaças. O presidente Emmanuel Macron já deixou claro que, se houver sério risco de ataque, o local da cerimônia será alterado. O plano B: Trocadéro, perto da Torre Eiffel. O placo C: o Stade de France, em Saint-Denis.
O país pediu reforço policial a 46 nações. O Comitê Olímpico Internacional (COI) e empresas parceiras disponibilizaram 320 milhões de euros só para a segurança de todas as competições, que contarão com efetivo de 45 mil homens e mulheres de diferentes forças. O próprio número de pessoas às margens do Sena, na abertura, já foi reduzido. Haverá grupos pagos e outros assentos gratuitos, mas todas as pessoas que se aproximarem do local serão registradas anteriormente e seu histórico, avaliado. Um perímetro chamado de zona vermelha será criado oito dias antes da abertura.
Nas cinco horas anteriores à noite da cerimônia, o espaço aéreo de Paris ficará fechado - o que significa que os aeroportos dos arredores da capital também sofrerão restrições de voo. Além de riscos de ataques cibernéticos e atentados com bombas, o principal temor são ações com drones, os novos "queridinhos" de grupos terroristas e países que apoiam ações terroristas.