Diante do descrédito que ameaça a CPI na Câmara Municipal que examina a gestão do serviço de distribuição de energia elétrica em Porto Alegre, a oposição ao governo Sebastião Melo afirma ter encontrado o que pode ser um fio condutor para a investigação. O grupo aposta que muitos dos problemas da CEEE Equatorial estão diretamente atrelados à mão de obra pouco qualificada dos trabalhadores terceirizados contratados pela concessionária.
Em fevereiro deste ano, o repórter Fábio Schaffner divulgou parte do conteúdo de uma investigação do Ministério do Trabalho que apontava que as mortes de três técnicos a serviço da CEEE Equatorial em Capão da Canoa, Bagé e Palmares do Sul seguem o mesmo perfil: "erros operacionais grosseiros praticados pelas equipes acidentadas em razão da falta de domínio das funções por motivo de desqualificação das equipes”. Na semana passada, o assunto voltou à tona, quando o presidente do Sindicato dos Eletricitários do Rio Grande do Sul (Senergisul), Antonio Jailson da Silva, lembrou, durante sessão da CPI, os relatos de supostas falsificações de certificados dos cursos de formação dos trabalhadores.
Nesta quinta-feira (18), os vereadores planejam ouvir Camilla Calvete Portela Barbosa e Maurício Flores dos Santos. Os pedidos para as oitivas foram feitas pelo vereador Roberto Robaina (PSOL). Conforme o parlamentar, Camila é proprietária de uma escola no município de Eldorado do Sul, que tem autorização para ministrar cursos técnicos. A Setup, com sede em Santa Catarina e considerada terceirizada-âncora da CEEE Equatorial, chegou a fazer uma solicitação de treinamento para a empresa de Camila, porém não prosseguiu com as formações. Já Santos foi chamado para organizar o curso. Ele ocupou, entre outros cargos, setores de formação dentro da CEEE e foi o responsável pelo plano organizado para o Centro de Educação e Cultura Cecília Meireles, escola de Camila..
O relatório do Ministério do Trabalho aponta que os certificados de treinamento emitidos indicam falsamente carga horária exagerada, cerca do triplo da efetivamente executada, a fim de atender a carga mínima exigida pelas normas regulamentadoras. Eles indicam também datas falsas dos treinamentos.