Sorridente e cheio de expectativas em relação à realização da 30ª conferência mundial do clima, a COP30, em Belém, o prefeito da capital paraense, Edmilson Rodrigues (PSOL), afirmou que, desde o anúncio de que a cidade será sede do evento, em 2025, "algumas portas históricas se abriram". Rodrigues refere-se aos investimentos que Belém vem recebendo para melhorar a infraestrutura para a chamada COP da Amazônia, anunciada por Lula, em Sharm el-Sheikh, no Egito, no ano passado, quando esteve na COP27, ainda na condição de presidente eleito.
O prefeito participou nesta sexta-feira (30) de um painel sobre transporte coletivo ao lado do secretário municipal de Meio Ambiente de Porto Alegre, Germano Bremm, e dos secretários municipais de Governo Edson Aparecido e do Verde e Meio Ambiente, Rodrigo Ravena, de São Paulo.
Após o evento, Rodrigues conversou com a coluna.
O que mudou para Belém desde o anúncio da realização da COP30 na cidade?
Temos muitos investimentos. Depois do anúncio da COP, algumas portas históricas se abriram. Investimento na infraestrutura aeroportuária e hidroportuária. O porto de Belém, por exemplo, está assoreado e mais de R$ 200 milhões serão investidos pelo governo federal agora para desassorear e permitir a chegada de transatlânticos, o que permite aumentar o potencial de hospedagem. Ao mesmo tempo, o governo do Estado recebeu da União áreas, um antigo aeroporto, e parte do porto de Belém, o que chamamos de Estação das Docas, onde haverá modernização. Além da duplicação do terminal hidroviário de Belém.
E sobre o transporte público?
Estamos com construção de alguns terminais para terminar mais segura essa estrutura de mobilidade fluvial integrada com o modal terrestre, rodoviário. Já existe todo um sistema hidroviário em Belém, ligando continente a ilhas, e entre ilhas, até porque a própria estrutura educacional nos exige investimentos em transporte escolar fluvial. E algumas ilhas que têm fluxo turístico maior, nos exigiram implantar linhas mais regulares.
Normalmente, fala-se muito da floresta Amazônica, mas o senhor destaca é preciso atenção às cidades, onde vivem mais de 70% da população da região.
Dos cerca de 50 milhões de habitantes da Amazônia, em torno de 35 milhões moram nas cidades.
A partir do que o senhor tem visto da preparação de Dubai para a COP28, como avalia o desafio de realizar a conferência em Belém?
Realizamos a cúpula da Amazônia com 28 mil inscritos. Menos estrangeiros, muitos locais. Mas já foi uma participação significativa. Já tivemos o Fórum Social Mundial em 2009. Agora, a participação popular grande, os alojamentos feitos em escolas e ginásios. Ma é outra história. Com a COP, vamos precisar de hotéis de luxo. Esse investimento está sendo feito. O BNDES coordenou um grupo de nove bancos e quatro cooperativas de crédito, reuniu na semana passada 900 pessoas presencialmente e mais de mil online. As pessoas saíram com projetos já negociando com os representantes dos bancos recursos para a modernização do sistema. Vai deixar um legado importante. E obras de infraestrutura urbana, por exemplo, o mercado Ver-o-Peso, é a maior feira aberta da América Latina. Inaugurei em 2002, quando fui prefeito, e está bem deteriorado. Temos R$ 82 milhões garantidos pelo governo federal para fazer a reforma total do Ver-o-Peso. Há também avenidas importantes que vão receber investimentos importantes para que sejam duplicadas.
O senhor está em terceiro mandato, não deve ser o anfitrião da COP30?
Eu tive dois mandatos, de 1997 a 2004. Posso ser candidato agora à reeleição. Quem sabe? Tem uma probabilidade de eu ser, efetivamente, o anfitrião.