O União Brasil e o Republicanos são o retrato da política no Brasil.
O União Brasil nasceu na fusão entre Democratas e o Partido Social Liberal, em 2021. No espectro político, situa-se na centro direita. É, por exemplo, o partido do ex-juiz e senador Sergio Moro. Ocupa, hoje, três ministérios de Lula. Sim, você leu certo: o partido de Moro é parte do governo do seu maior adversário. Ah, mas faltou dizer que desses três postos na Esplanada, só dois pertencem, de fato, à legenda, o Turismo, de Daniela Carneiro, e as Comunicações, de Juscelino Filho. São duas pastas, que, aliás, em quase seis meses de governo, não disseram a que vieram. Ao contrário, foram fontes de desgaste para o Planalto, que precisou lidar com as suspeitas de envolvimento de Daniela com as milícias no Rio de Janeiro e com as viagens impróprias de Juscelino em jatos da Força Aérea Brasileira (FAB). Mas Lula precisa dos votos do União Brasil no Congresso. Ok.
O terceiro posto do União Brasil no primeiro escalão de Lula, a Integração Regional, é creditado ao partido e comandando por Waldez Góes. Mas ele não é filiado ao União Brasil. Segue no PDT, mas é da cota do senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), o cacique do qual Lula não pode abdicar apoio.
Desde a posse, o presidente e Daniela tiveram poucas reuniões para tratar de temas de interesse dos brasileiros - ou, especialmente em sua pasta, da projeção da imagem do Brasil lá fora, fundamental para angariar visitantes. Mas já ocuparam dois momentos de suas agendas para discutir o relacionamento: primeiro, após as suspeitas sobre o envolvimento com milícias, e, nesta terça-feira (13), para falar de sua saída do partido e do governo. Houve uma sobrevida, mas a saída é inevitável.
Daniela quer deixar o partido e ir para o Republicanos - o mesmo partido do marido, Waguinho, prefeito de Belford Roxo, na baixada fluminense, base de apoio de Lula. Mas o Republicanos, fortemente ligado à Igreja Universal, que integrou a base de Lula e Dilma, tendo rompido com a ex-presidente, apoiado o impeachment, Michel Temer e Jair Bolsonaro, não quer voltar aos braços do petista. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, principal nome da legenda e possível representante da direita, é um dos prováveis candidatos à disputa presidenciais em 2026 contra o PT.