O clima entre alguns ministérios de Lula é de estupefação com o programa do governo de descontos para compra de carros novos.
A iniciativa não conversa com a agenda ambiental de vários ministérios e do próprio Planalto, baseada na descarbonização e no uso de energias limpas, sem falar que áreas como Fazenda e Planejamento foram pegos no contrapé. Nos bastidores, funcionários atribuem a ideia ao presidente e ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, com elos na indústria automobilística paulista. Na avaliação de um integrante do governo, a iniciativa "não faz o menor sentido" e "teve efeito péssimo".
- Anunciaram sem conversar com a Fazenda. Fernando Haddad foi traído nessa. Não sabem se é subsídio ou incentivo, não sabe se vai ser por seis meses ou um ano - afirma a fonte.
Ontem, na Live, Lula afirmou que o programa pode durar apenas um mês.
O programa, embora tenha incluído na última hora subsídio para redução do preço de caminhões e ônibus, não inclui transporte coletivo, que poderia ajudar mudar a matriz energética, com veículos elétricos, movidos a hidrogênio ou biodiesel, capazes de reduzir a emissão de gases poluentes, aumentar a eficiência e reduzir dependência de combustível fóssil.
A avaliação em alguns ministérios é que o programa foi mal feito, Haddad e a ministra do Planejamento, Simone Tebet foram atropelados e, do ponto de vista estratégico, é um tiro no pé.