O discurso do presidente Jair Bolsonaro, na diplomação, em 10 de dezembro de 2018, foi focado em sua plataforma de governo, baseada em "segurança pública e combate ao crime" e "igualdade de oportunidade com respeito ao mérito e ao esforço individual". O pronunciamento, após receber o certificado de eleito das mãos da então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, contou com uma série de agradecimentos:
- Essa vitória não é só minha. O caminho que me trouxe aqui foi longo e nem sempre fácil. Durante minha vida pública, como militar, vereador e deputado federal, sempre me pautei pelos valores da família, os interesses do Brasil e pela soberania nacional.
Bolsonaro leu todo o discurso, não dando margem a improvisações, ao contrário de Luiz Inácio Lula da Silva, nesta segunda-feira (12), que iniciou sua fala à margem do texto escrito, diringindo-se aos presidentes Dilma Rousseff e José Sarney e aos "companheiros que participaram da vigília em Curitiba".
- Em nome do meu partido, quero que saibam que esse diploma que recebi não é do Lula presidente, é de uma parcela significativa do povo que reconquistou o direito de viver em democracia nesse pais. Vocês ganharam esse diploma - dedicou Lula.
Tanto Bolsonaro quanto Lula fizeram agradecimentos a Deus.
- Por estar vivo e por essa missão à frente do Executivo - afirmou à época o atual presidente.
Nesta segunda, Lula, ao se emocionar, disse:
- Quem passou pelo que eu passei nesses últimos anos, estar aqui agora é a certeza de que Deus existe.
Bolsonaro manteve o tom militar da fala, enquanto Lula chorou ao lembrar do diploma que recebeu após a primeira eleição em 2002. Ambos reverenciaram suas famílias. Mas Bolsonaro citou, além da esposa, Michelle, a mãe, Olinda, e todos os filhos - com aceno a Laura, a caçula. Lula referiu-se apenas à atual esposa, Rosângela, a Janja.
Bolsonaro, em 2018, destacou:
- O poder popular não precisa mais de intermediação. As novas tecnologias permitiram uma eleição direta entre o eleitor e seus representantes. Esse novo ambiente, a crença na liberdade, é a melhor garantia dos ideais que balizam a nossa Constituição.
Lula, em oposição, fez um discurso crítico às mídias digitais, que, segundo ele, espalham mentiras e desinformação.
- Quando se esperava um debate político democrático, a nação foi envenenada com mentiras produzidas no submundo das redes sociais. Elas semearam a mentira e o ódio, e o país colheu uma violência política que só se viu nas páginas mais tristes da nossa história - afirmou.
Bolsonaro saudou a "construção de uma nação mais justa e desenvolvida" e a ruptura com práticas que, historicamente, "retardaram o progresso":
- Não mais corrupção, não mais violência, não mais mentiras, não mais manipulação ideológica.
Lula citou 26 vezes a palavra "democracia" ou "democrático". Bolsonaro citou uma única vez a palavra.
Bolsonaro prometeu governar para todos, sem distinção de raça, cor, renda, religião e sexo. E pediu confiança daqueles que não votaram nele:
- A partir de 1º de janeiro, serei o presidente dos 210 milhões de brasileiros. governarei em benefício de todos.
Lula encerrou reafirmando o compromisso de construir "um verdadeiro Estado democrático, garantir a normalidade institucional e lutar contra todas as formas de injustiça, em nome da liberdade, da dignidade e da felicidade do povo brasileiro", mas não fez referência a governar para a totalidade da população, lembrete que foi feito pelo ministro Alexandre de Moraes, atual presidente do TSE, na frase:
- Senhor presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, eleito por 60 milhões, 345 mil e 999 eleitoras e eleitores, mas a partir de primeiro de janeiro de 2023, vossa excelência será o presidente de 215 milhões, 461 mil e 715 brasileiras e brasileiros.
Tanto Bolsonaro quanto Lula falaram por 10 minutos.