Rodrigo Lopes

Rodrigo Lopes

Formado em Jornalismo pela UFRGS, tem mestrado em Ciência da Comunicação pela Unisinos e especialização em Jornalismo Ambiental pelo International Institute for Journalism (Berlim), em Jornalismo Literário pela Academia Brasileira de Jornalismo Literário, e em Estudos Estratégicos Internacionais pela UFRGS. Tem dois livros publicados. Como enviado do Grupo RBS, realizou mais de 30 coberturas internacionais. Foi correspondente em Brasília e, atualmente, escreve sobre política nacional e internacional.

Relações civis-militares

Por que os blindados exibidos no desfile para Bolsonaro em Brasília soltavam tanta fumaça

Parada da Marinha pela Esplanada dos Ministérios não contou com a nata dos veículos de combate das Forças Armadas brasileiras

Rodrigo Lopes

Enviar email
FáTIMA MEIRA / FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Movimentação de veículos na terça-feira (8) na Esplanada dos Ministérios

Se você acompanhou o desfile militar dos blindados pela Esplanada dos Ministérios na terça-feira (10), deve ter visto a fumaça preta lançada por alguns dos veículos. Há várias explicações para a situação. 

Primeiro, essa foi uma manobra da Marinha, uma das três forças (as demais são Exército e Força Aérea) que compõem as Forças Armadas do Brasil

A especificidade dessa arma é naval. Logo, não é na Marinha que estão os melhores e mais modernos veículos blindados do Brasil - é no Exército, a força terrestre, e, em especial, sob o guarda-chuva do Comando Militar do Sul (CMS), como mostrou Humberto Trezzi em reportagem recente. (leia aqui)

Muitos dos carros de combate exibidos para o presidente Jair Bolsonaro na terça-feira (10) são antigos, com motor a diesel, que soltam muita fumaça. A Marinha exibiu o que na linguagem comum têm sido chamados "tanques" (com lagartas, em vez de rodas), veículos de transporte de pessoal (VBTP) e lançadores de mísseis. 

A verdade é que todos são blindados, embora nem todos sejam tanques - esses, são apenas aqueles sob lagartas. 

Os tanques propriamente ditos eram modelos SK-105 Kürassier, utilizados no Brasil pelos fuzileiros navais, uma tropa exclusiva da Marinha. As Forças Armadas compraram 17 unidades no final dos anos 1990, e eles chegaram ao país a partir de 2001. A Áustria, fabricante original, já abandonou esse tipo de veículo há mais de três décadas, mas o veículo continua em operação em países em desenvolvimento como, além do Brasil, Argentina, Bolívia e Tunísia.

A exemplo do Exército, a Marinha também dispõe de veículos de transporte de tropas, os VBTP. O modelo apresentado a Bolsonaro é o M113, antigo, usado desde a Guerra do Vietnã (1965-1975)- o que explica em parte a fumaça. 

Outro blindado que apareceu é o AAV-7A1, também conhecido como Clanf (ou Carro de Lagarta Anfíbio), americano.

Em segundo lugar, as Forças Armadas brasileiras não exibiram a nata de seus blindados, que, diga-se de passagem, fica hospedada em Santa Maria, no centro do Estado, para uso do Exército - eles equipam o 3º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado (GAC AP) da 6ª Brigada de Infantaria Blindada (6ª Bda Inf Bld), e o 5º GAC AP da 5ª Brigada de Cavalaria Blindada (5ª Bda C Bld), de Curitiba.

Em resumo, os mais modernos blindados, entre eles os Leopard, sob comando do Exército, não foram mostrados a Bolsonaro. 

Exceção é o sistema Astros II, de lançamento de foguetes, produzido pela empresa brasileira Avibras. Esses, sim, estavam presentes na Esplanada dos Ministérios, com capacidade de lançamento de foguetes de até 80 km. 

O Comando Militar do Sul (CMS) não participa da Operação Formosa, organizada pela Marinha desde 1988 e que, pela primeira vez, passou por Brasília. 

GZH faz parte do The Trust Project
Saiba Mais
RBS BRAND STUDIO

Gaúcha Hoje

05:00 - 08:00