A vitória do regime de Nicolás Maduro, ainda que por meio de eleições fraudulentas no domingo (6), cria um dilema para governos, como o brasileiro, que apostaram na aventura de Juan Guaidó.
O que farão Brasil, Colômbia, Estados Unidos e as nações da União Europeia se, na prática, nada mudou na Venezuela desde a autoproclamação do líder da oposição, em janeiro de 2019?
Maduro balançou, mas o fato é que ameaças de invasão militar, boicotes, sanções e tentativas de cooptação de apoiadores abriram fissuras, mas não abalaram a ditadura bolivariana. Ela segue firme e forte, sustentada pelos generais, os grandes fiéis da balança e que até ameaçaram, mas não arredaram pé do Palácio de Miraflores.
Os Estados Unidos disseram nesta segunda-feira (7) que continuarão reconhecendo Guaidó como o presidente da Venezuela. "A comunidade internacional não pode permitir que Maduro, que está no poder ilegitimamente porque roubou as eleições de 2018, ganhe roubando uma segunda eleição".
No poder desde 2013,Maduro recuperou o controle do parlamento, o último poder da República que ainda estava nas mãos da oposição. Ser o presidente da Assembleia Nacional era o trunfo utilizado por Guaidó diante dos venezuelanos e do mundo para sustentar a narrativa de que o governo havia usurpado o Executivo e que, portanto, ele seria o presidente legítimo do país.
O chamado Grupo de Lima afirmou nesta segunda-feira (7) que as eleições legislativas de domingo neste país "carecem de legalidade e legitimidade", o que significa que a vitória do chavismo não deve ser reconhecida pela comunidade internacional.
"Pedimos à comunidade internacional para que se una à rejeição destas eleições fraudulentas e apoie os esforços para a recuperação da democracia na Venezuela", afirma o Grupo em uma declaração assinada por 16 países e divulgada pela chancelaria do Peru.
O Brasil integra esse grupo ao lado de Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica Equador, El Salvador, Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Santa Lúcia.
Só retórica, como já se viu, não abala a ditadura. A verdade é que Maduro ainda é reconhecido pelas Nações Unidas e por mais de cem países como o presidente da Venezuela. Sua manutenção no poder aumenta a influência de regimes como Rússia, Irã, Cuba e Turquia em seu governo - e, por tabela, na América Latina.