Puxados pela Espanha (com o registro de 6.361 casos desde sexta-feira, 24, sendo 855 nas últimas 24 horas), os países europeus começaram a semana reavaliando estratégias para neutralizar o surgimento de novos casos de coronavírus, que trazem de volta o medo da segunda onda da pandemia. O continente está em pleno verão - período do ano em que as nações do Mediterrâneo costumam lucrar com o turismo.
Nas últimas semanas, as cenas de praias e bares lotados na Catalunha, região espanhola onde fica Barcelona, deram uma falsa sensação de normalidade. Mas os números de infecções voltaram a preocupar as autoridades sanitárias - e, ato contínuo, a exigir novas restrições.
Na Espanha, por exemplo, o governo da Catalunha voltou a fechar boates e cinemas a limitar o funcionamento de restaurantes e pubs até a meia-noite. A medida irá vigorar, inicialmente, por pelo menos 15 dias.
A França pediu aos cidadãos que não viajem para a região espanhola, depois do aumento dos casos. O Reino Unido tomou uma decisão mais drástica: passou a exigir quarentena de 14 dias para viajantes procedentes de toda a Espanha que ingressarem no país. Noruega também impôs quarentena a pessoas que retornam do território espanhol, só que de 10 dias.
As medidas atingem duramente o turismo na Espanha, justamente no momento em que o setor começava a mostrar recuperação econômica depois do baque da primeira onda do vírus e dos confinamentos. Nesta segunda-feira (27), a ministra do Turismo, Reyes Maroto, espera que se encontre uma solução em breve para o problema. O presidente da Catalunha (equivalente a governador), Quim Torra, disse que a região é um destino seguro e pediu um esforço da comunidade para evitar novas restrições. Depois da decisão do Reino Unido de impor quarentena aos turistas que tenham estado no país, hotéis espanhóis decidiram se oferecer para pagar os testes de PCR aos turistas.
Embora seja a face mais visível do repique dos casos, a Espanha (que contabiliza 278,7 mil casos no total e 28,4 mil mortos) não é o país com maior incidência (casos por 100 mil) do coronavírus na Europa. O ranking é liderado por Luxemburgo, seguido de Romênia, Bulgária, Suécia e Portugal. Mas em regiões espanholas, como Aragão, o índice de contágio é superior inclusive a nações inteiras, como Luxemburgo. Catalunha e Navarra têm incidências superiores a todas as nações do continente, com exceção de Luxemburgo.
Os dados do Centro Europeu de Controle de Doenças (ECDC) levam em conta o acumulado dos últimos 14 dias. Os números também mostram a disparidade do cenário epidemiológico na Espanha. Enquanto Aragão, Catalunha e Navarra penam para lidar com os novos surtos, a comunidade de Madri, onde fica a capital, tem uma das menores incidências, aproximando-se de nações que são exemplo de contenção doença, como a República Tcheca. A região da capital, entretanto, tem os maiores números absolutos de casos de toda a Espanha: 71,5 mil doentes e 8,8 mil mortos), seguida da Catalunha (57,5 mil e 5,9 mil óbitos).
Novos casos também são registrados na França, na Bélgica e na Áustria - o que sugere que a população possa ter baixado a guarda, reduzindo os cuidados no dia a dia. No Reino Unido e na Alemanha, onde não há tendência de alta, também os governos estão em alerta.