A morte da ex-miss Uruguai Fatimih Dávila, 31 anos, na quinta-feira (2), em um hotel no México volta a colocar holofotes sobre o uma rede de prostituição de luxo, que explora os laços ilegais entre mercado da moda, do futebol e empresários latino-americanos.
O corpo de Fatimih foi encontrado em um quarto de hotel de colônia Nápoles, Cidade do México.
Miss Uruguai 2006, a modelo representou o país no concurso Miss Universo e Miss Continente Americano daquele ano. Ela havia chegado à Cidade do México no dia 23 de abril para uma entrevista de trabalho. A polícia investiga se está diante de um caso homicídio ou suicídio.
Investigadores suspeitam de que várias mortes de modelos estejam relacionadas a uma rede de prostituição de luxo que une moda, futebol, sexo e fama. Na Cidade do México, foram assassinadas as modelos Karen Ailen Grodzinski, argentina, e Génesis Uliannys Gibson, venezuelana. Os dois crimes ocorreram em 2017. Uma investigação anterior, de 2006, pôs na mira páginas na internet que seduzem mulheres latino-americanas a trabalhar no México com a promessa de fazer sucesso na TV. Em troca, são obrigadas a se prostituir como acompanhantes de luxo.
Fatimih foi uma das modelos que contribuíram para denunciar a rede de prostituição que envolve o mercado da moda no Uruguai, com conexões em várias capitais latino-americanas. Ela é uma das protagonistas do livro "Sueños rotos: la trama oculta del modelaje, el fútbol y la televisión", escrito em 2012 pelo jornalista Javier Benech.
No segundo capítulo da obra, denominado "O preço da fama", a ex-miss conta como se tornou vítima da rede de prostituição que tinha como capo o argentino Leandro Santos – no Uruguai, a quadrilha tinha como braço José Miguel Acosta, conhecido como "El Negro Miguel".
Sueños rotos é resultado de uma investigação jornalística realizada por Benech para o semanário uruguaio Búsqueda. O trabalho mostrou o envolvimento na rede de empresários do futebol do país vizinho com a prostituição. O grupo, com laços entre Montevidéu, Punta del Este e Buenos Aires, foi desbaratado pela juíza especializada em crime organizado Graciela Gatti.