Apesar de quase cinco anos de Operação Lava-Jato, a maior investigação da história brasileira contra crimes de colarinho branco, o Brasil caiu, pela terceira vez consecutiva, no ranking da Transparência Internacional, principal indicador de corrupção no setor público do mundo.
Em 2018, o país ficou com nota 35 (dois pontos a menos do que no ano anterior), o que posiciona a nação em 105º lugar entre as 180 territórios analisados. O Brasil perdeu nove posições no ranking global. A escala se estende de zero a cem, e quanto menor o valor, maior a percepção da corrupção.
A pontuação do Brasil em 2018 foi a menor desde 2012 - ano em que se modificou a metodologia do indicador e passou a ser possível a análise em série histórica. Com essa nota, o país empatou com Argélia, Armênia, Costa do Marfim, Egito, El Salvador, Peru, Timor Leste e Zâmbia.
A Transparência Internacional - Brasil afirma que, apesar de avanços na investigação e sanção de grandes esquemas de corrupção, a falta de reformas legais e institucionais pode explicar a sequência de resultados ruins.
Na avaliação da entidade, "o persistente mau desempenho do país no ranking não significa que tudo o que foi feito nos últimos anos para combater a corrupção não teve resultado". Segundo o órgão, o fato de haver hoje importantes figuras do mundo político e empresarial atrás das grades é uma prova disso.
No entanto, a tarefa de reverter esta avaliação depende de uma série de reformas que demonstrem "sério comprometimento do país com a eliminação das causas estruturais deste problema social".
– O fato de o Brasil prosseguir com uma performance tão ruim no IPC 2018 é revelador. A Lava Jato teve – e continua a ter – importância vital para romper com a impunidade histórica da corrupção no Brasil, principalmente de réus poderosos. Mas ela sozinha não será capaz de efetivamente reduzir os níveis de corrupção. Para isso será necessário que o Brasil olhe agora para frente na luta contra a corrupção, atacando as raízes do problema com reformas legais e institucionais" – afirma Bruno Brandão, diretor executivo da Transparência Internacional - Brasil.
Os números do Brasil
2012 - Nota 43 - Posição 69
2013 - Nota 42 - Posição 72
2014 - Nota 43 - Posição 69
2015 - Nota 38 - Posição 76
2016 - Nota 40 - Posição 79
2017 - Nota 37 - Posição 96
2018 - Nota 35 - Posição 105