O jornalista Martin Chulov, especialista em Oriente Médio do jornal The Guardian, conversou com a mãe de Osama bin Laden, aquele que, durante anos, foi o homem mais procurado do mundo. Alia Ghanem concedeu a entrevista em sua casa, em Jedá, a segunda maior cidade da Arábia Saudita.
Acompanhada do padrasto de Bin Laden, Mohammed al-Attas, e de dois de seus filhos, Ahmad e Hassan, ambos meio-irmãos do terrorista, Alia contou que a última vez que viu o filho foi em 1999, quando se encontraram em uma base do Talibã, em Kandahar, no Afeganistão.
O pai de Bin Laden, o bilionário Mohammed bin Awad bin Laden, separou-se de Alia Ghanem pouco após o nascimento do filho, que foi criado pela mãe e pelo padrasto.
Descrito como bom aluno, Bin Laden, segundo ela, começou a se radicalizar quando entrou na faculdade (ele estudou Economia na Universidade Rei Abdulaziz, em Jedá).
– Ele foi uma criança muito boa até conhecer algumas pessoas que fizeram quase uma lavagem cerebral nele quando tinha seus 20 e poucos anos. Você pode chamar isso de culto. Eu sempre dizia a ele para ficar longe deles, e ele nunca iria admitir para mim o que ele estava fazendo, porque ele me amava tanto — afirmou ela.
Bin Laden foi para o Afeganistão lutar contra a invasão soviética e começou a perder o contato com a família.
– No início, estávamos muito orgulhosos dele. Até mesmo o governo saudita o tratava de maneira muito nobre e respeitosa. E então veio Osama, o mujahedin – disse Hassan, um dos irmãos.
Sobre o último encontro, a mãe conta:
– Ele ficou muito feliz em nos receber. Ele nos exibia todo o tempo que estivemos lá. Ele matou um animal, fizemos um grande banquete, e convidou a todos.
Dois anos depois do encontro, ocorreram os atentados de 2001 nos EUA, que colocaram Bin Laden de vez no noticiário internacional.
– Foi uma sensação muito estranha. Sabíamos desde o começo (que Osama foi o responsável), dentro das primeiras 48 horas. Do mais novo ao mais velho, todos nos sentimos envergonhados por ele. Sabíamos que todos iríamos enfrentar consequências terríveis – disse o irmão Ahmad.