Pelo menos 30 brasileiros vivem em Chiang Rai, cidade próxima da caverna de Tham Luang, na Tailândia, onde desde domingo ocorrem as operações de resgate das crianças presas em uma caverna. São, em geral, integrantes de uma comunidade evangélica, a Getsêmani, onde atua Tatiane Araujo.
Os demais são membros da comissão técnica e jogadores do Chiangrai United, da primeira divisão do futebol tailandês. Wilson Andrade, paulista de Marília, 46 anos, massoterapeuta do clube, se mudou para a Tailândia há dois anos, depois de trabalhar no Al-Shorta, de Bagdá, no Iraque.
– O pessoal está muito apavorado aqui. O país está muito triste com essa situação. O rei e o governo daqui colocaram mil homens para trabalhar na busca pelas crianças – contou, minutos após os primeiros quatro meninos serem retirados da caverna.
Enquanto conversava por telefone com GaúchaZH, era possível ouvir, ao fundo, o som das sirenes de ambulâncias. Tonello, como Wilson é conhecido no meio futebolístico, mora a cinco minutos do hospital de Chiang Rai, para onde estão sendo levadas as crianças.
– Estava todo mundo torcendo para esses moleques sobreviverem. Foi uma alegria tão grande quando os acharam. Para o país, é muito chata esta situação porque é um lugar turístico – disse.
Tonello mora na cidade com a mulher, Patrícia, 48 anos. Ela comenta o risco de se explorar cavernas locais no período das monções, com chuvas intensas até outubro.
– Está um sol danado, e, de repente, vêm aquela nuvem de tempestade e ventos. É muito perigoso – afirma.
Há outros brasileiros no clube, entre eles o técnico carioca Alexandre Gama e o zagueiro Victor Cardozo, de Sapucaia, também no Rio. Há quase quatro anos na Tailândia, o jogador tornou-se astro local. Sensibilizado com o drama dos meninos da caverna, chegou a dedicar um dos seus gols aos garotos. Na comemoração, ergueu uma camisa com o número 13. O clube também se mobilizou: enviou água para o local do resgate e colocou seu estádio à disposição para o socorro.
O time Moo Pa (Javalis Selvagens), do qual os garotos fazem parte, é um clube pequeno, que entra apenas em campeonatos distritais. Tem equipes de sub-12, sub-16 e sub-19 – os meninos que estão na caverna jogam no time para menores de 16 anos.