Um homem-bomba caminha por Washington. Chama-se Steve Bannon, o ex-todo-poderoso estrategista-chefe da Casa Branca, o homem que construiu a vitoriosa campanha de Donald Trump.
A cada trecho vazado do livro Fire and Fury: Inside the Trump White House (Fogo e fúria: por dentro da Casa Branca de Trump), que será lançado nos EUA na próxima semana pelo jornalista Michael Wolff, os assessores próximos ao Salão Oval ficam de cabelo em pé. Bannon está convencido de que a investigação em curso sobre a interferência russa nas eleições de 2016 vai fazer uma vítima de peso: Donald Trump Jr, filho do presidente, que durante a corrida presidencial manteve encontro com pessoas ligadas ao Kremlin. "Uma traição", nas palavras do próprio Bannon.
O ex-estrategista, um dos mais polêmicos homens do presidente até ser demitido em agosto, é nitroglicerina pura. Na obra, ele conta a Wolff bastidores das reuniões entre operadores russos, muitos deles ligados diretamente ao presidente Vladimir Putin, com assessores de campanha, na Trump Tower, quartel-general de Trump em Nova York. Os russos teriam passado aos assessores do candidato informações úteis para neutralizar a rival democrata Hillary Clinton.
Para Bannon, mesmo os mais inexperientes operadores políticos perceberiam os riscos de tais reuniões.
– Mas tivemos três dirigentes do alto escalão da campanha que acharam boa ideia se reunir com representantes de um governo estrangeiro dentro da Trump Tower sem a presença de advogados. Mesmo se não pensassem que seria algo ruim, pouco patriótico, até mesmo traição — e eu penso que é tudo isso — que deviam ter feio imediatamente era alertar o FBI – conta Bannon, segundo o jornal The Guardian, que teve acesso a trechos do livro.
Além de Trump Jr, também o genro, Jared Kushner, pode comprometer o presidente já que também estava nas reuniões. Bannon reassumiu o site Breitbart News, canal da direita alternativa (alt right), depois de deixar a Casa Branca, em agosto.
Antes que mais trechos vazem, o próprio Trump resolveu partir para o ataque. Nesta quarta-feira, em comunicado, disse que Bannon "perdeu a razão" e não tem nenhuma influência no governo.
– Bannon não tem nada a ver comigo ou minha presidência. Quando foi despedido da Casa Branca, não só perdeu seu trabalho, mas também perdeu a razão – afirmou.
O filme de terror está só começando.