Os palestinos queimaram imagens de Donald Trump, protestaram em frente à embaixada americana em Beirute, incendiaram bandeiras de Israel, mas a verdade é que a terceira intifada, a grande revolta palestina, não aconteceu. Ou, ao menos, não como se esperava. A iniciativa, convocada por radicais islâmicos, era resposta ao presidente americano que reconheceu Jerusalém, cidade sagrada para judeus, muçulmanos e cristãos, como capital de Israel. Mas passou a sexta-feira, dia potencialmente tenso em regiões árabes, com mesquitas lotadas no dia santo e ânimos exaltados, e quase nada aconteceu, além de pedradas habitais e manifestações esparsas.
Por que os palestinos não têm mais o poder de mobilização que estremecia o Oriente Médio, obrigava líderes mundiais a tomarem posição e o Conselho de Segurança das Nações Unidas a convocar reuniões de emergência? São cinco as razões:
1 Líderes palestinos moderados, como o primeiro-ministro Mahmoud Abbas perderam força no jogo interno de poder da Autoridade Nacional Palestina (ANP). A vitória do grupo extremista islâmico Hamas na Faixa de Gaza já indicava que o pêndulo pesa para o lado dos extremistas. A Fatah, facção política de Abbas, está desacreditada.
2 Na arena externa, o próprio Abbas é visto como um líder frágil, alguém que nunca conseguiu firmar posição sobre os interesses palestinos no cenário internacional. O movimento carece de uma liderança histórica, que nunca mais teve – e talvez nunca mais terá – depois de Yasser Arafat, morto em 2004.
3 As instituições palestinas estão carcomidas pela corrupção. Falta confiança de todos os lados.
4 A população palestina, desencantada com suas lideranças incapazes de, na prática, mudarem algo em suas vidas, está anestesiada, na zona de conforto.
5 Com o foco da comunidade internacional no conflito na Síria e na guerra fria regional entre Arábia Saudita e Irã, poucos se importam com a crise israelense-palestina.